São Paulo, segunda-feira, 9 de janeiro de 1995
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Partida em Madrid teve clima de decisão

CLEUSA TURRA
EM MADRI

Cheguei ao Santiago Bernabéu com três horas de antecedência. Suportei o frio de três graus assistindo a videoclipes de música pop no telão high-tec do estádio.
Mas apenas cinco minutos de jogo bastaram para que meus olhos trocassem os superastros do Barça pela avalanche "madridista".
Não sei o que me surpreendeu mais: a rapidez, perfeição e garra do Real Madrid ou a indolência e irritante constância de erros do Barcelona.
Paguei US$ 70 a um cambista, que podia ser facilmente confundido com um executivo, para ver o jogo. Em pé. Outros chegaram a pagar US$ 400 por uma cadeira numerada. Em Madrid, só se falava nessa partida.
Os radicais da torcida do Real Madrid, os "ultra-sur", guerrearam com Stoichkov desde o início. Atiravam moedas contra ele, gritando: "Muerto de hambre!" e "Gitano" (cigano). O búlgaro atirou de volta uma delas, atiçando a torcida.
Só no intervalo, com o placar em 3 x 0 e Stoichkov expulso, Cruyff mostrou que estava "vivo": lançou Romário aos leões.
Durante a semana, o brasileiro foi responsabilizado pelo anticlímax na equipe, por negociar sua saída às vésperas do clássico.
A torcida –toda madridista– fez chacota de suas tentativas de chegar ao gol: duas cabeçadas e um fraquíssimo chute.
Cerca de 350 milhões de espectadores, em 34 países, assistiram ao que pode ter sido a sua melancólica despedida da Espanha.
Ao final da partida, os alto-falantes do estádio ecoaram o hino do vencedor. A torcida saiu batendo palmas, cantando e gritando: "A la Madrid", "a la Madrid".

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