São Paulo, segunda-feira, 9 de janeiro de 1995
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Só três buscam serviço civil

GABRIEL BASTOS JUNIOR
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de refratários –como são chamados os alistados que não se apresentam posteriormente– no Exército foi de 68.511 em 1993.
O número é semelhante ao da Espanha, mas a situação é diferente. Além de não chegarem a 6% do total de alistados (isto porque a população brasileira é bem maior do que a espanhola), os refratários não fazem parte de um protesto coletivo e muito menos de uma ampla discussão sobre o papel das Forças Armadas.
Mostra disso é que o serviço militar alternativo (semelhante à Prestação de Serviço Substitutório espanhola) –previsto na Constituição de 1988 e regulamentado em 1991– foi procurado por apenas três jovens em 1994. Todos acabaram no excesso de contingente.
O serviço alternativo existe para quem se recusa a servir por objeção religiosa, política ou filosófica. Deveria ser coordenado por órgãos civis em convênio com as Forças Armadas, mas ainda não existe nenhum projeto.
Outro sintoma é que apenas 524 alistados em 1993 foram insubmissos –participaram da seleção mas não se apresentaram na data de incorporação.
Neste caso, o Código Penal Militar prevê prisão de até seis meses, de acordo com a decisão do juiz responsável.
"Nunca ouvi falar de nenhum movimento organizado contra o serviço militar", diz Edgard Soares, 22, presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE) de São Paulo.
Tanto a UEE quanto a UNE (União Nacional dos Estudantes) são oficialmente contra o serviço militar obrigatório.
Um objetor à brasileira é o rapper Gabriel, O Pensador. Ele fez a letra de "Indecência Militar" ("Serviço militar obrigatório é uma indescência. Um ano sem mulher batendo continência") na fila para a primeira apresentação na Aeronáutica.
"Não sou contra as Forças Armadas, mas o serviço podia ser só com voluntários", diz. Ele foi liberado no exame médico.

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