São Paulo, segunda-feira, 9 de janeiro de 1995
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Tropa russa cerca palácio presidencial em Grozni

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As tropas russas avançaram ontem até uma distância de 300 m do palácio presidencial de Grozni, centro da resistência do governo separatista da Tchetchênia.
Cerca de 30 blindados estavam no mercado central da cidade, em posição de ataque conquistada depois de três tentativas mal-sucedidas de conquistar o palácio.
O avanço do Exército russo se intensificou anteontem, contrariando o cessar-fogo ordenado pelo presidente Boris Ieltsin na última quinta-feira, em resposta a pressões internacionais pelo fim da intervenção russa.
Segundo o comandante tchecheno Jalvdi Duliev, os russos perderam entre 10 e 12 blindados durante o ataque ao palácio, onde haveria em torno de 200 resistentes.
Fontes militares russas disseram que o vice-presidente tchetcheno Selimjan Iandarbiyev permanecia no palácio.
Além do palácio presidencial, a artilharia russa continuava a atacar em outros bairros de Grozni.
Um dos maiores hospitais da cidade, atingido no último dia 31 de dezembro, abriga em seus escombros cerca de 70 médicos e paramédicos, impossibilitados de resgate por causa dos constantes ataques russos.
A Força Aérea russa também participa da ofensiva. Aviões faziam vôos rasantes sobre o palácio de Grozni e, no sul do país, foram registrados bombardeios contra aldeias tchetchenas.
Em Kizil, cidade próxima à fronteira com a Tchetchênia, foi encontrado um helicóptero-ambulância russo com quatro mortos, provavelmente vítimas de um ataque guerrilheiro.
A agência russa "Itar-Tass" informou que o líder separatista Djokhar Dudaiev está refugiado em Galancesh –região montanhosa ao sul de Grozni, onde se concentram suas forças militares.
O mesmo comunicado admitia que os tchetchenos ainda controlavam alguns bairros da capital e alertava para o fato de que dezenas de guerrilheiros se dirigiam a Moscou com a intenção de praticar atos de terrorismo.
Na Rússia, a intervenção continua gerando protestos. O general Aleksander Lebed, comandante do Exército russo na região Trans-Dniester (ex-república soviética da Moldávia), disse que, se não for interrompida agora, a guerra vai se espalhar por todo o Cáucaso e que o Kremlin optou pela maneira mais criminosa e estúpida de resolver a questão da Tchetchênia.
O jornal "Moskovski Komsomolets" afirma que os militares russos podem se negar a lutar, já que os ataques foram considerados "ilegais" por Ieltsin.

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