São Paulo, segunda-feira, 9 de janeiro de 1995 |
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Fim da festa Entre julho e dezembro a economia brasileira viveu sob uma euforia que em boa medida associava-se à força da candidatura FHC e à sua eleição no primeiro turno. Passada uma semana de 1995, já é claro que austeridade e contenção serão a regra. O leque de desafios é enorme e exigirá batalhas simultâneas em várias frentes. O primeiro momento crucial ocorrerá ainda em janeiro, quando o Congresso precisa votar a MP que definiu uma nova estrutura de impostos e a conversão da Ufir em índice trimestral. De um lado, acumulam-se as críticas à medida por supostas inconstitucionalidades. De outro, o próprio Legislativo que sai não tem mostrado muita disposição a fazer a sua parte. Já se adverte entretanto que essa MP, por tratar de matéria fiscal, não pode seguir o roteiro de todas as MPs, das reedições sucessivas em que se finge que o Congresso participa. Muitas mudanças ou criação de impostos estão sujeitas ao princípio da anterioridade (ou seja, devem ocorrer no ano anterior ao de sua vigência). Se a MP não for votada, o governo estará diante de um impasse crucial, relativo à busca da âncora fiscal para a estabilidade. Outra dificuldade que exigirá atenção redobrada e enorme esforço do governo é a onda de remarcações de preços esperada para as próximas semanas. Como revelou esta Folha, as indústrias vêm mandando novas listas para o comércio com majorações que em alguns produtos alcançam a casa dos 25%. Há todo tipo de justificativa, da reposição dos aumentos salariais ao custo crescente do frete, passando pela alta de matérias-primas e embalagens e, agora, o próprio aumento de impostos. Uma terceira e fundamental preocupação diz respeito às turbulências externas. Como se sabe, a crise mexicana tem entre outras causas a elevação dos juros nos EUA. Pois bem, a economia norte-americana continua dando sinais de vigor, com queda recorde no desemprego, o que faz supor que novas altas de juros virão. Nesse contexto, o cuidado das autoridades brasileiras com a evolução das contas externas deverá ser redobrado, especialmente com o comércio. Definitivamente, já não há motivos para estar eufórico. O champanhe, os fogos e a serpentina já acabaram. É hora de dar duro para poder, depois, festejar mais e melhor. Próximo Texto: Muito além do câmbio Índice |
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