São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995
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Aliados de FHC atacam pacote tributário

LILIANA LAVORATTI; ALBERTO FERNANDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pacote tributário editado pelo governo Itamar no final do ano passado através da MP (medida provisória) 812 está sendo bombardeado no Congresso por aliados do governo FHC.
Parlamentares do PSDB, PMDB e PPR apresentaram emendas que anulam o acréscimo na arrecadação de R$ 2,129 bilhões pretendido pelo governo.
O governo precisa aprovar a MP sem emendas para, com o ganho de arrecadação, cobrir parte do rombo de R$ 13 bilhões identificado no Orçamento deste ano.
Este ganho seria obtido através de um aumento no Imposto de Renda das empresas (IRPJ).
O PSDB e PMDB fazem parte do bloco governista. O PPR apóia informalmente o governo. O único partido de oposição a apresentar emendas contra o pacote tributário foi o PDT.
O PFL, outro partido da base de apoio do governo FHC, possui a relatoria da Comissão Mista do Congresso que analisará a MP. Foi indicado o deputado Mussa Demys (PI), auditor fiscal do Tesouro aposentado. PFL e PTB não apresentaram emendas.
O campeão de emendas, com 25 propostas de alteração na MP, foi o deputado Jackson Pereira, (PSDB-CE).
Entre as emendas apresentadas pelo parlamentar tucano, estão duas propostas de supressão das principais medidas para aumentar a arrecadação.
São elas os artigos que limitam em 30% do lucro a compensação dos prejuízos das empresas e que reduzem os descontos por créditos de pagamento duvidoso (provisão de devedores duvidosos).
Apenas estas duas emendas, se aprovadas, diminuem em R$ 1,6 bilhão os R$ 2,129 bilhões pretendidos pelo governo com a edição da MP.
O deputado tucano justifica suas emendas dizendo que a medida do governo é inconstitucional e fere direitos adquiridos pelas empresas.
O próprio futuro presidente da Comissão Mista encarregada de examinar a MP, o senador Fernando Bezerra (PMDB-RN), apresentou várias emendas contra os artigos que aumentam a arrecadação. A comissão será instalada hoje e tem até o dia 14 para apresentar um projeto de conversão (substitutivo).
Bezerra criticou o governo, ao apresentar suas emendas. "Tal como sempre tem ocorrido, necessitando de receita, o governo só vê uma saída, o aumento da carga tributária", declarou.
O prazo final para o Congresso aprovar a matéria é dia 29. Do contrário, as mudanças introduzidas no sistema tributário a partir de 1º de janeiro não poderão mais vigorar.
Nenhuma emenda se opôs à substituição da Ufir mensal pela trimestral, nem aos efeitos negativos que isso trará para os assalariados que pagam IR na fonte.

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