São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995 |
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As reformas na Previdência
CLÓVIS ROSSI SÃO PAULO – O estilo do novo governo pode ser inteiramente avesso ao espetáculo, do que dá prova a maratônica reunião ministerial do final de semana. Dezesseis horas de discussões não produziram nada de novo ou de sensacional.Mas as reformas estão sendo, sim, cozinhadas nos gabinetes do Planalto. Tome-se, para ficar num exemplo, a Previdência Social, um dos eternos buracos negros da República. O ministro Reinhold Stephanes trabalha, na verdade, com duas reformas e não apenas uma. Sua prioridade imediata é limpar o confuso cipoal da legislação ordinária, que abriu espaço para que fossem impetradas cerca de 1 milhão de ações judiciais em todo o país relativas a temas previdenciários. Stephanes tem na agenda o que chama de "pontos críticos" (cerca de 40), que serão modificados. O primeiro deles é a aposentadoria rural, que, da forma como está definida, é a porta aberta para abusos, de resto evidenciados em reportagens que esta Folha publicou no final do ano passado. O ministro acredita que, com uma boa gerência, "a Previdência não será fator de pressão sobre o Tesouro". Trocando em miúdos: a previsão, para 1995, é a de que o Tesouro repasse à Previdência cerca de R$ 3 bilhões. Stephanes espera, só com uma "boa gerência", conseguir um caixa da ordem de R$ 1,5 bi a R$ 2 bi, o que é muito dinheiro quando se considera que a arrecadação prevista para 95 é da ordem de R$ 25 bi. O ministro diz que a boa gerência é uma condição indispensável para que a sociedade aceite a outra reforma, a constitucional, esta sim, profunda. A aposentadoria deixará de ser por tempo de serviço para passar a ser por idade. O limite mínimo ainda não está fixado, mas Stephanes calcula que ficará em 58 anos ou no máximo 60. A previdência universal ficará limitada a um certo número de salários mínimos, também por se definir. Em outras palavras, a falta de espetáculo não significa que a vida cotidiana não será afetada pelo governo adepto do "processo". Se para o bem ou para o mal, é o que se verá. Texto Anterior: 500 obras Próximo Texto: Uma ótima chance Índice |
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