São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995
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Exército quer apurar denúncias

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro do Exército, general Zenildo Lucena, disse ontem considerar "coisas pequenas" as notícias de espancamentos supostamente praticados por militares no primeiro dia da ocupação das favelas que compõem o complexo do Alemão.
"Veja as coisas maiores. Não veja as pequenas coisas", disse Lucena ao ser perguntado durante visita ao Palácio Guanabara (sede do governo estadual) sobre as queixas dos moradores e as agressões sofridas pelo fotógrafo Alaôr Filho, do "Jornal do Brasil".
Mesmo irritado com as perguntas, Lucena disse que as "pequenas coisas" serão apuradas. "Se for o caso, tomaremos as providências devidas", afirmou o ministro.
Lucena preferiu falar dos "benefícios" que a ação militar "tem trazido para o Rio".
"Olhem a grandeza da operação. Perguntem ao povo do Rio, à opinião pública", afirmou ele em resposta a jornalistas.
Lucena participou de reunião com o governador Marcello Alencar (PSDB). Ao fim do encontro, o governador disse que haverá "forçosamente um inquérito policial" para apurar as agressões contra o fotógrafo.
Marcello procurou minimizar a questão da truculência militar.
"Em ações de grande vulto é previsível alguns desencontros. Operando 4.000 homens, é possível que um se desvie de sua missão", disse o governador.
Marcello afirmou que o CML (Comando Militar do Leste) "já está apurando" as denúncias de agressões feitas por moradores.
O porta-voz da Operação Rio, coronel Ivan Cardozo, disse que o CML (Comando Militar do Leste) não investigará o que ocorreu com o fotógrafo. Segundo ele, não houve agressão, mas uma "ação enérgica" a fim de apreender a máquina do profissional.
"Em vez de procurar transmitir imagem favorável, ele foi lá com o objetivo de tirar fotos desfavoráveis às instituições militares. Foi solicitado que entregasse a máquina. Ele se recusou e procurou fugir. Houve, então, uma ação enérgica para que pudesse ser feita a apreensão da máquina", disse.

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