São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995
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Só 1% das empresas não querem mudanças

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

Mudanças gerenciais se tornaram tão populares entre as grandes empresas no Brasil que, segundo um levantamento, apenas 1% delas não planejam introduzir em 1995 novos métodos para aumentar a competitividade em seus respectivos mercados.
Uma pesquisa conduzida pela consultoria Arthur Andersen junto a uma amostra de 137 companhias posicionadas entre as 500 maiores do país revelou a intenção de 56% delas de rever todos os processos de gerenciamento. Outras 43% pretendem promover mudanças parciais.
Apenas 5% das empresas ainda não implementaram transformações com enfoque de qualidade total visando os clientes. Das restantes, 49% estão na fase inicial e 46% já as disseminaram em grande escala, com resultados positivos.
As empresas que responderam à sondagem da Arthur Andersen integram um universo responsável por faturamento de cerca de US$ 46 bilhões em 1994.
Esse montante representa 12% do PIB (Produto Interno Bruto). A maioria das empresas (79%) é de capital nacional e 29% são multinacionais.
O estudo revela também que a maioria (59%) planeja adotar projetos que abrangem todas as áreas da empresa. Outras darão ênfase a uma determinada área: administração, vendas ou produção.
Vencer resistências
Para Carlos Azevedo, sócio-diretor da Arthur Andersen, os responsáveis por processos de reestruturação devem ter em mente que o essencial para o êxito é solucionar as resistências às mudanças.
"Resistências sempre ocorrem diante da perspectiva de mudanças, seja por representarem uma ameaça real às relações estabelecidas, às atitudes tradicionais ou aos modelos sedimentados de comportamento", diz Azevedo.
Trata-se na maioria dos casos, segundo ele, de uma reação emocional gerada por medo, incerteza ou ainda relacionada a jogos internos de poder.
Esse é também considerado o item mais problemático para 60% das empresas norte-americanas que implantam programas de reengenharia. É o que revela um estudo recentemente publicado pela revista especializada "Information Week".
As limitações aos sistemas existentes e falta de consenso dos altos escalões são obstáculos destacados, em seguida, por 40% das empresas analisadas.
Outros fatores citados se referem à falta de apoio da cúpula diretiva, ausência de uma equipe voltada para coordenar as mudanças, expectativas não realistas e baixo grau de habilitação dos funcionários.
"Qualquer programa de ajuste em busca de contínua melhoria gerencial deve, antes de tudo, promover os fatores que aceleram as mudanças", acrescenta.
Contam-se, entre eles, o envolvimento dos funcionários, o desenvolvimento do espírito de equipe e o compromisso com o aprendizado.

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