São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995
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Empresas têm que absorver custos e não elevar preços, diz Dallari

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Acompanhamento Econômico, José Milton Dallari, voltou a afirmar, ontem que os empresários devem absorver os aumentos de custos reduzindo a margem de lucro na comercialização de seus produtos.
Essa foi a sua resposta aos representantes da cadeia produtiva do leite reunidos no Ministério da Fazenda, em São Paulo.
Anteontem, Dallari disse o mesmo aos supermercadistas. Ele acha que os supermercados têm margem de lucro para arcar com os aumentos da indústria e não repassá-los para os consumidores.
Empresários do setor lácteo reclamaram dos custos e tentaram preparar o terreno para reivindicar futuros reajustes nos preços.
Carlos Humberto Mendes de Carvalho, presidente do Sindicato da Indústria de Leite e do Conselho Nacional da Indústria de Laticínios, disse que em seis meses o setor acumula pressão de custo do leite (de 10% a 30%), do frete (20%), das embalagens (de 45% a 55%) e da mão-de-obra (44,9%).
Mas desde 1º de março, época de conversão para a URV, os preços do litro de leite tipo C e B ficaram estacionados em R$ 0,52 e R$ 0,62, respectivamente.
"Como é possível dar um dissídio de 44,9% para uma inflação de 22% acumulada no período? A indústria que absorva esse aumento na margem de lucro."
Segundo o secretário, não há razão para aumento de preços porque há fatores que contrabalançam a pressão nos custos –entre eles o aumento de 30% das vendas de laticínios em 94 sobre 93.
Imposto de importação
O governo vai reduzir de 16% para 2% o Imposto de Importação de dois tipos de queijo (não informados) fabricados na Argentina. Com o início do Mercosul, desde 1º de janeiro essa alíquota subiu de 2% para 16%.
O secretário esteve também com a indústria de fósforos, que reivindicou a subida da alíquota do importação, hoje de 2%, para 14%, seguindo o acordo do Mercosul.
Adilson Cosloski, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Fósforos, disse que, se o governo não proteger o mercado nacional do importado, o setor pára sua produção e passará a revender produtos fabricados fora.
O Sindicato das Indústrias de Tecelagem de Americana, Nova Odessa, Sumaré e Santa Bárbara (SP), pediu a Dallari que a alíquota de importação da fibra sintética, que é de 2% até 31 de março, não volte a subir após essa data.
Dallari pediu um planejamento do setor para 95 e, se este mantiver os preços no mesmo patamar, estudará a possibilidade de manter a alíquota em 2%.
Representantes do Movimento da Cidadania Contra os Aumentos Abusivos de Preços informaram Dallari que metade das 3.900 reclamações recebidas nos últimos 20 dias foram sobre aluguéis.
Os inquilinos estariam recebendo dos proprietários cartas solicitando aumentos entre 400% e 600%.

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Sobre preços à pág. 2-8

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