São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Bombaim comemora invenção do cinematógrafo com festa kitsch
LÚCIA NAGIB
Um cenário gigantesco, ao ar livre, imitando as ruas de Paris, garotas indianas com sainhas de tule dançando cancã e até uma nevasca de isopor compuseram o ambiente, no qual se exibiam os experimentos arquiconsagrados dos irmãos Lumière, que inventaram o cinematógrafo há cem anos. Enquanto isso, um modesto evento caseiro oferecia espetáculo mais interessante. No teatro Tata, à beira-mar, após o lançamento pelo correio nacional de um selo comemorativo dos cem anos de cinema, era projetado o filme silencioso "Corações Galantes" (Diler Jigar, 1931), dirigido por G.P. Pawar, dentro da mostra "Herança Cinematográfica", que apresenta raridades antigas do mundo inteiro. "Corações Galantes" prova que a sofisticação do cinema indiano não é recente. Embora flagrantemente inspirado em "O Ladrão de Bagdá", de Douglas Fairbanks, que lançou a onda dos heróis acrobáticos que defendem o povo contra a opressão dos tiranos, o filme reedita com astúcia a mitologia indiana. Já está presente no "Ramayana", bíblia milenar dos hindus, a temática do herói que arrisca a vida para recuperar a amada das mãos do monarca que a sequestrou e, quando a tem de volta, a rejeita por ter estado com outro. Os números de dança do filme projetaram a atriz "mignon" Lalita Pawar a uma lenda viva na Índia. Embora tendendo ao kitsch, as comemorações dos cem anos de cinema em Bombaim, aproveitando o festival de cinema, não chegam a ser excessivas. Afinal a Índia atrasou-se apenas em seis meses com relação à primeira projeção do cinematógrafo em Paris. E foi precisamente em Bombaim, em julho de 1896, que o fenômeno cinematográfico indiano deu os primeiros passos. Texto Anterior: Tunga critica organização da Bienal de SP Próximo Texto: Dez bandas comemoram 40 anos de existência do rock no Aeroanta Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |