São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995
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Brasileiros escapam de tiros no Egito

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um trem foi metralhado anteontem à noite por terroristas em Qus, a 660 km de Cairo, a capital do Egito. Duas argentinas e quatro egípcios se feriram no atentado.
Havia três brasileiros no trem (leia texto abaixo).
O trem saiu de Assuã em direção a Cairo. Foi atacado às 22h locais (18h de Brasília), próximo da cidade turística de Luxor.
Os terroristas atiraram de fora do trem utilizando armas automáticas. As balas atingiram as janelas dos tres últimos vagões.
Os feridos foram hospitalizados na cidade de Qena. Nenhum deles está em estado grave.
As argentinas foram ontem de avião até o Cairo, onde eram esperadas por diplomatas argentinos.
Elas são Norma Griscia, 45, e Emilia Giambelluda, 55, ambas feridas no queixo. Giambelluda deve ser operada hoje.
Dentre os quatro egípcios, se encontra um coronel do Exército, Mohamed Kamal Amin Ateia.
Suspeita-se de que os autores sejam ligados ao grupo radical Associação Islâmica, que há três anos luta contra o governo do presidente Hosni Mubarak.
O atentado pode ter sido uma represália a dois outros incidentes ocorridos anteontem, nos quais três extremistas islâmicos foram mortos pela polícia em Minia, a 250 km ao sul do Cairo.
Um policial foi morto ontem em Manchiat Al Nasr (a 250 km do Cairo), supostamente por radicais islâmicos. Os autores fugiram.
Mais de 580 pessoas já morreram desde 1992, quando a Associação Islâmica iniciou sua campanha contra o atual governo.
Os radicais islâmicos querem desestabilizar o que denominam regime laico e ateu.
Além de atacar a polícia e o Exército, os extremistas querem abalar a indústria turística egípcia.
O turismo e o Canal de Suez são as principais fontes de renda do país. Por isso, os estrangeiros são particularmente visados.
Os extremistas já realizaram vários ataques a trem desde 1992. O último de que se tem notícia aconteceu em março último, quando 11 egípcios ficaram feridos.
Mas é provável que outros ataques tenham ocorrido e sido abafados pelo governo.
Extremistas atacam também carros em estradas. Em várias delas, a circulação de estrangeiros é praticamente proibida pela polícia. Quando ocorre, é com escolta.
Em agosto passado, a polícia não foi informada sobre um ônibus de turistas que saiu de Luxor para visitar outros monumentos fora da cidade. O ônibus foi metralhado e um menino morreu no atentado.
O governo, por sua vez, condena à morte sistematicamente os terroristas que consegue prender.

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