São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995
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O grande ausente; Direitos humanos; Alcoolismo; No condicional; Resista, presidente; Desafeto petista; Operação Rio; Estado e esporte; Volta de Romário

O grande ausente
"Em 'O grande ausente', em 12/01, Marcos Augusto Gonçalves fez uma análise sobre as férias do PT. Com respeito ao meu comparecimento aos atos de posse do presidente, considerei uma atitude civilizada e normal numa democracia para um senador da oposição, líder do PT. Desde o início do novo governo, pronunciei-me no Senado sobre os seguintes temas: dia 3, falei sobre a expectativa de que haja ações governamentais que correspondam aos objetivos de combate à miséria e realização de justiça social explicitados no discurso do presidente da República; dia 4, apresentei requerimento de informações ao ministro das Comunicações sobre a composição acionária desatualizada das emissoras, como a Record, e analisei seu pronunciamento sobre controle social das emissoras; dia 5, cobrei a falta de coordenação política do governo, que não designou um líder para acompanhar no Senado a votação do presidente do Banco Central e a necessidade de melhoria da distribuição de renda, propondo a implantação do PGRM, critiquei a ação russa na Tchetchênia e apoiei a iniciativa de MP sobre participação nos lucros por parte do ex-presidente Itamar Franco; dia 6, apontei a disparidade de tratamento do governo FHC ao considerar parcelamento de aumento de 22,07% aos funcionários, enquanto propõe aumento de 220% para o presidente e ministros e 146% para parlamentares; dia 9, relacionei os apelos de Rachel de Queiróz para priorizar a solução dos problemas dos meninos de rua e as distorções apontadas por Janio de Freitas sobre os altos salários propostos para presidente e ministros; dia 10, indaguei como o ministro José Serra iria cortar R$ 11 bilhões do Orçamento para alcançar o equilíbrio, se o ex-ministro Beni Veras afirmara que o Orçamento de 95 era equilibrado e apresentei projeto de lei que institui eleições diretas para suplentes de senadores; dia 11, alertei sobre os efeitos da crise mexicana na economia brasileira; dia 13, solicitei atenção do governo para acudir as populações vitimadas pelas chuvas no Vale do Ribeira, em São Paulo. Essas foram as atividades que caracterizaram as minhas 'férias'."
Eduardo Matarazzo Suplicy, senador pelo PT-SP (São Paulo, SP)

Direitos humanos
"Ainda que se compartilhe do sentimento de indignação do dr. Fábio Konder Comparato com a situação de desrespeito aos direitos humanos no Brasil, é inevitável discordar de algumas das suas afirmações constantes do artigo 'Para estrangeiro ver' (6/01). Merece reparos especialmente a afirmação de que a criação de uma assessoria internacional no Ministério da Justiça serviria apenas para divulgar internacionalmente fatos falsamente positivos sobre o Brasil no exterior, especialmente na área de direitos humanos. Um ministério que trata de temas tão complexos como índios, direitos humanos, política penitenciária, narcotráfico, direitos do consumidor no âmbito do Mercosul, somente para citar alguns, não pode prescindir de uma assessoria especializada para articular ações e identificar formas de cooperação com governos estrangeiros e organizações não-governamentais. Tendo em vista os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil num mundo crescentemente globalizado, recorde-se a Declaração de Viena, por exemplo, é urgente que a burocracia crie janelas internacionais para facilitar não só livre trânsito de idéias e o jogo democrático de pressões, mas também a identificação de oportunidades e troca de experiências. Como bem observou o embaixador em Washington, Paulo Tarso Flecha de Lima, no artigo do dia 9/01, é grande o desconhecimento no exterior de ações e iniciativas da sociedade brasileira na área dos direitos humanos. A existência dos Conselhos de Segurança Alimentar, da Mulher, de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Criança e do Adolescente e o sucesso de algumas ações e projetos como a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, o Axé e a Casa da Passagem merecem ser divulgados e discutidos com a comunidade internacional. Muitas destas iniciativas são pioneiras e refletem uma genuína preocupação nacional com o combate de frente às violações dos direitos humanos no Brasil e a garantia de direitos essenciais. Cabe ainda lembrar, um governo recém-empossado, eleito por ampla maioria com uma plataforma marcadamente progressista, mereceria se não um voto de confiança pelo menos a perspectiva de duas semanas para mostrar a que veio. Ao contrário do que afirma o professor Comparato, de que estaria se recriando o famigerado DIP getulista, pretende-se que essa assessoria internacional, em articulação com os demais órgãos do Ministério da Justiça e sempre coordenada com o Itamaraty, seja instrumento para viabilizar a discussão objetiva do tema das violações dos direitos humanos em alto nível e com o enfoque marcadamente universalista que o caracteriza."
Milton Seligman, secretário-executivo do Ministério da Justiça (Brasília, DF)

Alcoolismo
"Caro Luiz Caversan, você que tem acesso à página nobre da Folha, deveria voltar ao tema álcool 51 vezes, incluindo estatísticas sobre alcoólatras que perderam o emprego, a família, a vida, pois é uma boa idéia..."
Paulo de Souza Cavalcanti (Ribeirão Preto, SP)

No condicional
"Observe a frase tão divulgada do discurso de posse de Fernando Henrique: 'Se for necessário abolir privilégios...'. A frase veio no condicional como se não houvesse certeza da existência de privilégios. Seria mais um sintoma do bafo do ACM na nuca?"
Olavo Cabral Ramos Filho (Rio de Janeiro, RJ)

Resista, presidente
"Segure o câmbio, presidente. Por favor, não entre na dos exportadores."
Francisco Cabral (Jataí, GO)

Desafeto petista
"Escute aqui Francisco Weffort: quando e/se nos pilhássemos na mesma calçada, eu correria o risco de ser atropelado, tal a pressa com que me moveria em mudar para a oposta. Passar bem (engomar melhor ainda), viu, ó senhor ministro da Cultura?"
Carlito Maia (São Paulo, SP)

Operação Rio
"Se o Exército quiser a colaboração dos habitantes, deverá oferecer e fazer um trabalho social dentro da favela."
Annabella de Matteis (São Paulo, SP)

Estado e esporte
"Venho parabenizar Matinas Suzuki Jr. pelo texto da edição de 5/01, 'Estatal não deve patrocinar os clubes'. O estado poderia investir no esporte, mas na criação de novos valores, em centros de treinamento para crianças carentes, em escola, merenda e saúde."
Marcelo Roverso (Sorocaba, SP)

Volta de Romário
"O que não serve para o Barcelona não presta para o Flamengo."
Carlos Eduardo Martins (Campina Grande, PB)

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