São Paulo, segunda-feira, 16 de janeiro de 1995
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Número de falsificados é 5 vezes superior

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

O Paraguai é apontado pela Nintendo como principal entreposto de fitas falsificadas na América Latina.
"O registro da marca foi obtido por uma empresa colombiana que cobra US$ 1 por selo de identificação dos falsificadores."
É o que afirma Eduardo Lara, diretor-geral da Playtronic, licenciada da Nintendo no Brasil.
Segundo Lara, os prejuízos causados às indústrias de videogame no país alcançam US$ 100 milhões anuais.
A rota da pirataria no Continente cobre também Argentina e Venezuela.
A Nintendo e a Sega, estima Lara, comercializam aproximadamente um milhão de cartuchos originais nesse período – contra cinco milhões de falsificados.
"Os produtos são vendidos aos sacoleiros no Paraguai ao custo de US$ 12 a US$ 20, o que corresponde a menos da metade do preço norte-americano", afirma Lara.
Nelson Gonçalves, diretor-comercial da Tec Toy, estima que os volumes falsificados da Sega são inferiores aos do concorrente. Ainda assim equivaleriam a 650 mil fitas anuais.
"Já atuamos há seis anos no mercado, fazemos lançamentos simultâneos e os preços de nossas fitas estão mais próximos do mercado internacional", afirma.
Além dos piratas, a Sega enfrenta a ação de importações ilegais, uma vez que detém os direitos da marca no país.
A Nintendo e a Tec Toy atuaram conjuntamente, até outubro passado, numa ofensiva anti-pirataria que redundou em 400 apreensões.
Ambas alertam os consumidores para as deficiências das fitas piratas, que além de não reproduzir fielmente os jogos utilizam cartuchos de baixa qualidade que podem danificar os consoles.
"Os cartuchos têm formato arrendondado e diferença no número de pinos", diz Lara.
Como metade das fitas piratas é comercializada em locadoras, a Playtronic iniciou uma campanha de resgate que dá aos proprietários US$ 5 pela devolução de cada fita. Foram recolhidas 20 mil unidades.
A executiva Lynn Hvalsoe, advogada da Nintendo dos EUA, desembarcará em São Paulo em março.
O objetivo da visita é incentivar as autoridades brasileiras a intensificarem a caça aos piratas.
"A estratégia da Nintendo está apoiada nos direitos de copyright, fortemente protegidos pela legislação brasileira", diz Lara.
O mesmo não ocorre na Venezuela onde, segundo a Nintendo, os prejuízos acumulados desde 1987 atingem US$ 170 milhões. Quase a totalidade dos videogames à venda na Argentina são falsificados.
A companhia tem feito pressão política junto às câmaras de comércio de vários países, na tentativa de reduzir a pirataria.
Em Hong Kong, apontado como um dos centros de falsificação, foram apreendidos cerca de 200 mil produtos no ano passado e os responsáveis pela distribuição aguardam sentença judicial.
Em artigo estampado no "Wall Street Journal", Howard Lincoln, "chairman" da Nintendo, acusou o governo chinês de compactuar com a pirataria.

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