São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 1995
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Stones preparam surpresas para o Brasil

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DA REPORTAGEM LOCAL

Os Rolling Stones estão planejando surpresas para os quatro shows que farão no Brasil, dias 27 e 28 no estádio do Morumbi em São Paulo, e dias 2 e 4 do mês que vem no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.
Segundo o canadense Steve Howard, "road manager" da turnê mundial "Voodoo Lounge" , iniciada pela banda em 1º de agosto nos EUA, os músicos da banda só revelam o repertório e o esquema do show às 18h, cerca de quatro horas antes do início do espetáculo. "Deverão tocar músicas que o público norte-americano não ouviu", diz.
Howard falou à Folha anteontem, por telefone, da Cidade do México, onde a banda faz amanhã seu quarto e último show.
Na segunda, a banda interpretou o rock "Gimme Shelter", que não apresentava há cinco anos.
"É provável que eles cantem essa música para os brasileiros, já que é bem conhecida aí", diz.
"Gimme Shelter" tem especial significado na carreira da banda. Foi lançada como blues em 1969 durante a turnê norte-americana cujo final apocalíptico se deu no Festival de Altamont, com quatro mortos. Está no disco "Let it Bleed" e se tornou a favorita de Charles Manson, líder de uma seita de fanáticos que assassinou a atriz Sharon Tate em dezembro de 1969, 17 dias depois de Altamont.
A música aumentou a fama demoníaca da banda. Os Stones evitaram-na nos EUA por causa das reminiscências negativas.
Howard prevê reação diferente do público brasileiro em relação a músicas como "Gimme Shelter" e acha que os shows serão uma grande festa: "É uma genuína banda de rock. Tudo acontece na hora. Tem 70 músicas na bagagem e sempre surpreende".
Segundo ele, a iluminação e o ritmo do telão devem seguir o esquema que a banda fornece na hora. "É uma loucura. Todos se mobilizam para reestruturar o show. Cada espetáculo é diferente. Eles improvisam o tempo todo."
O produtor reconhece que, apesar disso, o show tem uma cronometragem rigorosa. Dura duas horas e 15 minutos e a marcação segue balizas, como a música inicial, "Not Fade Away", e o bis, "Jumpin' Jack Flash".
A função do "road manager" é a de um produtor para assuntos os mais diversos, da emissão de vistos à supervisão da infra-estrutura dos estádios e hotéis por onde passa a banda. Ele também cuida das exigências, caprichos e pedidos urgentes dos músicos. Desembarca em São Paulo dia 22, três dias antes dos músicos.
Howard trabalha para a CPI (Concert Productions Incorporation), de Toronto, que organiza a turnê "Voodoo Lounge". Ele acompanhou os Stones na turnê "Steel Wheels", em 1989.
"Trabalhar com eles é um grande orgulho e um trabalho ainda maior", afirma Howard, que tem expediente diário de 18 horas. "Eles não admitem falhas. Não trabalham com intermediários. Supervisionam tudo pessoalmente."
Para o produtor, o mais "workaholic" dos Stones é o cantor Mick Jagger: "Todos os dias ele marca reuniões e trata dos assuntos administrativos, como divulgação e organização. Ron Wood gosta de checar a parte visual. Keith Richards se ocupa da música. E Charlie Watts, como sempre, se contenta com sua bateria."
Revela: "Eles estão excitados com a possibilidade de tocar para o público brasileiro. Guardam boas surpresas, que, claro, estou proibido de revelar. Podem tocar até algumas inéditas."

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