São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995
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Traficante 'Flávio Negão' morre em tiroteio no Rio

PATRICIA SANTOS; RONALDO SOARES; WAGNER MATHEUS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Traficante 'Flávio Negão' morre em tiroteio no Rio
PATRICIA SANTOS
RONALDO SOARES
O chefe do tráfico da favela de Vigário Geral, Flávio Pires da Conceição, o "Flávio Negão", foi morto na madrugada de ontem em troca de tiros com policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais) dentro de seu reduto.
Por volta das 14h, a irmã do traficante, Márcia Regina Pires da Silva, reconheceu o corpo de seu irmão no Instituto Médico Legal. Ela estava acompanhada do advogado de Negão, Luiz da Rocha Braz, que o havia reconhecido pela manhã no Hospital Souza Aguiar.
O enterro deve ser realizado hoje no Cemitério de Inhaúma (zona norte). O advogado Braz disse que Negão tinha vários tiros pelo corpo e um na cabeça.
A Folha apurou que o traficante que antecedeu Negão no comando de Vigário Geral, Adão, havia sido informado à tarde de sua morte na prisão de Bangu 1, onde está cumprindo pena. Negão seria substituído no comando por um traficante conhecido por Ricardo.
Ontem, a favela amanheceu de luto pela morte do traficante. O comércio ficou fechado e as "bocas de fumo" –pontos de vendas de drogas– não funcionaram.
Segundo testemunhas, o Bope entrou com cerca de 50 homens encapuzados no início da madrugada e houve intenso tiroteio. O confronto ocorreu num ponto da favela próximo à Linha Vermelha.
Os policiais disseram que a invasão da favela foi uma ação de rotina, por ordem do Exército, que comanda a Operação Rio.
Quando os policiais saíram de Vigário, os traficantes constataram a ausência de Negão. Ele trajava uma camisa do Flamengo.
Um irmão do traficante, identificado como Djalma, disse que integrantes da quadrilha de Flávio Negão viram o corpo de seu irmão sendo arrastado pelos policiais e colocado numa viatura.
Durante a ação, confirmada pela polícia, morreram o sargento Carlos Augusto Brazuna e um traficante conhecido como Peter. Ficaram feridos Rosemaria Prado, 23, grávida de oito meses, Robson Costa, 16, e Luís Silva, 21.

Chacina
O traficante Flávio Negão era suspeito de participar do assassinato de quatro policiais em agosto de 93, no episódio que culminou com a chacina de 21 moradores da favela de Vigário Geral, no Rio.
Um grupo formado por policiais militares e matadores invadiu a favela na noite de 29 de agosto de 1993 e matou 21 moradores.
Flávio Negão disse que seus homens não participaram da mortes dos policiais.

Colaborou WAGNER MATHEUS, da Sucursal do Rio

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