São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995 |
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Trecho no PA é reinaugurado em 45 dias
ABNOR GONDIM
A previsão é do chefe do Segundo Distrito do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), Dirceu Marques, 58. Segundo ele, até abril, será publicada a concorrência para a recuperação e asfaltamento de 1.260 km da rodovia no Pará. Com contratos no valor de R$ 500 mil, quatro empreiteiras foram contratadas e, desde dezembro, reabrem os 170 km tomados pela selva. As primeiras obras reconstroem 11 pontes de madeira destruídas por rios e chuvas. Um velho Fusca foi o primeiro carro a reestrear, no último dia 18, os primeiros 60 km reabertos, desde Palmares (AM) a Jacareacanga (a 1.100 km de Belém). O trecho foi percorrido em cinco horas de viagem. "O Fusca veio fumegando, mas chegou inteiro", conta o prefeito de Jacareacanga, Raulien Queiroz (PSDB), 33. Além da reabertura da estrada no sudoeste do Pará, outros trechos da rodovia são recuperados por prefeituras, madeireiras e fazendeiros em todo o Estado para evitar o isolamento prolongado, como ocorreu com Jacareacanga, onde há dez anos não passa um ônibus. A interrupção temporária da estrada, por dias ou semanas, porém, é inevitável no período das chuvas na região, de novembro a junho. É quando a rodovia vira uma trilha perigosa e escorregadia. As pontes frágeis desabam, e os rios engolem trechos da estrada. "O tráfego da Transamazônica é pequeno (de 200 a 1.000 carros por dia) se comparado com a Rio-São Paulo (100 mil carros por dia), mas é ignorância afirmar que a rodovia liga o nada a lugar nenhum", afirma o chefe rodoviário em Belém, Dirceu Marques. A mesma opinião é defendida por prefeitos, fazendeiros, colonos e empresários ouvidos pela Agência Folha, na semana passada. Segundo o IBGE, mais de um milhão de pessoas vivem nos municípios na área de influência da rodovia, construindo pequenas cidades, fazendas e lotes agrícolas desde as margens a até 100 km nas estradas vicinais. Hoje em dia, há quatro vezes mais pessoas morando lá do que em 74, quando foi inaugurada a rodovia. Os moradores atuais vieram para a região atraídos pela política do governo militar de ocupar a Amazônia com os flagelados da seca do Nordeste e agricultores do Sul. "Homens sem terra para terras sem homens", segundo frase do presidente Médici. Ninguém acredita no asfaltamento, prometido desde a inauguração. Mas os moradores da região querem melhorias na estradas para reduzir o tempo das interrupções. "Basta pelo menos uma rodovia em que a carga não estrague no caminho", contenta-se o empresário baiano Noel Nery, 74, dono de uma indústria de polpa de frutas e plantações de cacau às margens da Transamazônica. Potencial Pesquisadores do CPATU (Centro de Pesquisa Agroflorestal do Trópico Úmido), órgão do Ministério da Agricultura sediado em Belém, afirmam que a região da Transamazônica tem potencial econômico para a agroindústria. Segundo eles, o rebanho bovino dos 17 municípios, estimado em 1990 em 471 mil cabeças, garante a instalação de fábricas de laticínios. Duas pequenas fábricas de queijos funcionam à margem da rodovia. A primeira agroindústria que surgiu na região, a Dicacau, com investimentos de US$ 2 milhões, começou vendendo polpas da cacau para São Paulo e agora vai fabricar chocolate. "A região", diz uma pesquisa do CPATU, "tem se destacado como uma das principais áreas de produção agrícola do Estado, principalmente nas culturas perenes, como o cacau, o café, a pimenta-do-reino e a cana-de-açúcar". Texto Anterior: June posa para fotos ao lado da filha de Itamar Próximo Texto: Promessas animam de governador a colonos Índice |
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