São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995
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Entre o fluxo e o estoque

Certo dia, durante os trabalhos do Congresso constituinte, o deputado Delfim Netto ouvia pelo rádio uma entrevista de Ulysses Guimarães sobre a política brasileira em relação à dívida externa.
O líder peemedebista desfiava críticas à condução do problema por parte do governo.
Em determinado momento, Ulysses argumentou que o país já havia pago aos credores, somente a título de juros, mais do que o total da dívida. A conclusão, portanto, era que o pagamento poderia ser suspenso.
Pouco depois, Delfim aparecia no gabinete do presidente do Congresso constituinte:
– Doutor Ulysses, está aí fora um rapaz do cartório. Disse que é para o senhor assinar a transferência da sua casa para a inquilina –anunciou Delfim com a maior tranquilidade.
– Mas eu não vendi minha casa –retrucou Ulysses, surpreso.
E Delfim, com um sorriso:
– Mas parece que sua inquilina disse que já pagou de aluguel mais do que o valor da casa, que, portanto, é dela.
Ulysses moderou o tom de seu discurso sobre a dívida externa.

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