São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995
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Qualidade total exige investimento em pessoas

DA REPORTAGEM LOCAL

Para atingir a qualidade total, uma empresa não pode se preocupar apenas com a modificação dos processos e sistemas de trabalho. É necessário se concentrar no aperfeiçoamento das pessoas.
A falta de investimento nos indivíduos que fazem parte da organização é a principal causa de fracasso dos programas de qualidade.
Para que um processo de qualidade total dê certo é fundamental que tenha início no topo das empresas, com profundo envolvimento das lideranças.
"O exemplo tem que vir de cima", afirma Antonio Carlos Rodrigues de Moraes, diretor-geral da Covey Leadership Center.
"Não basta apenas que o dirigente autorize as despesas para o programa de qualidade total", diz.
Moraes falou sobre o tema "Liderança e Qualidade: Uma Questão de Princípios", durante o ciclo de palestras "A Busca da Qualidade Total", no auditório da Folha.
A Covey Leadership Center é uma entidade que atua na área de consultoria em liderança e mudança comportamental em 32 países.
Fundada pelo professor Stephen R. Covey em 1985, tem sede em Utah, nos Estados Unidos. Está presente no Brasil desde 93.
Moraes usou como base da palestra a obra "Liderança Baseada em Princípios", escrita por Covey.
A qualidade total, segundo Moraes, exige a compreensão das necessidades e expectativas de todas as partes envolvidas no processo.
Segundo Moraes, a liderança baseada em princípios é fundamental na busca pela qualidade total. "Só vamos conseguir atingir a qualidade total se tivermos um trabalho no lado humano, voltado à liderança."
Para Moraes, antes de liderar outras pessoas é preciso saber "liderar a si mesmo".
"É preciso ter um foco contínuo na sua liderança pessoal e praticar a liderança interpessoal no cotidiano", afirma.
Moraes citou estudo realizado nos Estados Unidos, que revela os principais fatores que inibem o processo de qualidade total "do ponto de vista humano".
Segundo Moraes, a qualidade total envolve "mudança cultural" na empresa. "Mas antes que essa mudança cultural ocorra, é preciso que haja uma mudança nas atitudes, nos hábitos e comportamentos por parte das pessoas que compõem a organização."
Ele explica que existem quatro níveis de liderança baseada em princípios: confiabilidade pessoal, confiança mútua, empowerment (fortalecimento) gerencial e alinhamento organizacional.
Para Moraes, a qualidade total exige a melhoria contínua nessas quatro áreas. Segundo ele, "liderança eficaz começa de dentro para fora". Para buscar a qualidade total é preciso "trabalhar as fundações", o íntimo de cada pessoa envolvida no processo.
Moraes afirma que, segundo levantamento feito nos Estados Unidos pelos professor E. Demming, um dos pioneiros em trabalhos sobre qualidade total, 90% dos problemas de uma empresa são "problemas gerais", relacionados com a estrutura e os processos da organização.
Segundo ele, só 10% dos problemas são "específicos", relacionados com as pessoas. De acordo com Moraes, "se trabalharmos esses 10% e resolvermos os problemas das pessoas, elas vão ajudar a correção dos outros 90%".
Ele diz que qualidade total é, atualmente, uma "questão de sobrevivência, tanto para as empresas como para as pessoas". Para Moraes, a qualidade total é uma meta que "estamos sempre tentando atingir. Sempre haverá um objetivo superior a ser alcançado".

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