São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995
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CORÉIAS X JAPÃO

VALMIR STORTI

VALMIR STORTI; ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

ANDRÉ FONTENELLE
Dois históricos rivais asiáticos lutam pela organização da primeira Copa do próximo milênio: Japão e Coréia do Sul.
A Copa de 2002 deve ser mesmo na Ásia, embora o México também tenha se candidatado.
A rivalidade entre os dois países é secular –a Coréia invadiu o Japão no século 13 e foi invadida no século 16; os japoneses anexaram a Coréia de 1910 ao fim da Segunda Guerra Mundial.
No futebol, os dois disputam atualmente a hegemonia num continente que tem metade da população da Terra e que representou 47,7% do público da Copa de 94.
Enquanto os sul-coreanos disputaram três Mundiais de forma consecutiva, o Japão vê crescer a cada dia seu campeonato nacional.
Seja qual for o anfitrião escolhido, o Mundial de 2002 será marcado pela tecnologia. As transmissões de TV japonesas, no Mundial Interclubes e no GP do Japão, são exemplos da riqueza de imagens e detalhes que se pode esperar.
Embora a Coréia não tenha inovado na transmissão da Olimpíada de Seul, em 1988, tem projetados para o Mundial estádios futuristas e meios de transporte velozes, como o trem-bala.
A decisão por parte da Fifa ainda demorará. O congresso que deve definir a sede de 2002 só acontecerá em junho de 96.
Os candidatos têm até o próximo setembro para responder ao caderno de encargos da máxima entidade do futebol mundial.
Os coreanos falam até na possibilidade de reunificar os países divididos em Norte e Sul para conseguir o evento.
Lembram que a Olimpíada de 1988 "acelerou o fim da Guerra Fria", pondo lado a lado EUA e URSS pela primeira vez desde as competições de 1976.
Os Jogos de Seul serviram para provar que o pequeno país é capaz de organizar grandes eventos esportivos. Dispõe da infra-estrutura necessária (transportes, hospedagem, telecomunicações).
O Japão vem apostando na força do marketing de longo prazo para chegar ao objetivo. Seu megaprojeto, lançado antes, está mais adiantado em relação ao do rival.
Desde 1980, quando o futebol não encontrava receptividade no país, os japoneses começaram a patrocinar o Mundial Interclubes. O jogo reúne anualmente os campeões sul-americano e europeu.
Nas finais mais recentes, como as disputadas pelo São Paulo em 92 e 93, o logotipo do "Japan Loves Goals" (Japão ama gols, símbolo da campanha nipônica) pôde ser visto em vários pontos do estádio Nacional de Tóquio.
A logomarca também é frequentemente exibida nos jogos da Liga Japonesa.
Os japoneses têm levado profissionais estrangeiros para trabalhar, de alguma forma, constantemente em seu país. Ainda nesta semana, o fisiologista do São Paulo, Turíbio Barros, viajou para Tóquio para ministrar uma série de palestras para técnicos, médicos e jovens.
Ex-jogadores como Pelé, o alemão Beckenbauer e o inglês Bobby Charlton vêm trabalhando como divulgadores da idéia da Copa no Japão.
A publicidade não fica só entre futebolistas. Desde abril do ano passado, os carros de Ukyo Katayama e o inglês Mark Blundell, da equipe Tyrrell, da F-1, patrocinada pela Mild-Seven, trazem o símbolo japonês.
Nem mesmo o terremoto que abalou a região de Kobe esta semana, deixando cerca de 4.000 mortos, arranhou o projeto.
Joseph Blatter, secretário-geral da Fifa, lembrou que catástrofes no México e nos EUA não impediram que esses países abrigassem o evento em 1986 e 1994, respectivamente.

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