São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 1995
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Grampo anula eficácia do cinto de segurança

DA REPORTAGEM LOCAL

Em busca de conforto, motoristas e passageiros de automóveis estão usando o cinto de segurança de forma errada, comprometendo e, em alguns casos, até anulando a eficácia do equipamento.
Pelo menos dois produtos à venda em lojas de acessórios procuram atender a demanda de usuários que, obrigados por lei a usar o cinto, reclamam que ele aperta demais em contato com o corpo.
O mais vistoso dos produtos é um protetor de espuma e velcro, que "abraça" o cinto. Ele funciona como uma espécie de minitravesseiro entre o corpo e o cinto e não interfere no sistema de proteção que o equipamento oferece.
O problema é o chamado "grampo" ou "prendedor" de cinto. Pelo menos três fabricantes brasileiros produzem essa engenhoca, destinada a deixar o corpo livre de contato com o cinto.
Um simples alfinete, daqueles de prender fralda, ou um clipe ou mesmo um palito de fósforo também são capazes de cumprir o mesmo objetivo.
Depois de afivelar o cinto, o usuário afasta-o alguns centímetros com a mão, deixando-o distante do corpo.
Em seguida, prende o grampo no cinto junto ao ponto de fixação do equipamento por onde ele corre quando é solto.
Após ser puxado, o cinto deveria voltar naturalmente ao encontro do corpo ao ser largado. Mas, impedido pelo grampo, isso não ocorre e o cinto fica solto dentro do carro.
Os especialistas em segurança de trânsito afirmam que uma folga superior a dois centímetros anula a eficácia do sistema.
A lei que instituiu a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança na cidade de São Paulo só estabelece punição para quem não usar o equipamento –não fala nada sobre o seu mau uso.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) não multa motoristas que façam uso do grampo ou de recursos do tipo.
O grampo colocado à venda em lojas de acessórios cumpre a mesma função de um dispositivo chamado "sistema de conforto".
Esse dispositivo costumava vir embutido nos cintos de alguns automóveis e hoje praticamente só é colocado em caminhões.
O sistema de conforto funciona mediante um leve puxão no cinto, após ele ser afivelado. O cinto fica preso até dois centímetros à frente do ponto em que estava "descansando" quando foi puxado.
O ponto de descanso correto do cinto é em contato com o corpo.
Se for estendido por uma distância superior a dois centímetros, ele se solta e volta ao ponto de descanso, em contato com o corpo.
O sistema de conforto está caindo em desuso, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, por culpa do mau uso que motoristas e passageiros fazem do dispositivo.
O sistema permite, por exemplo, que o usuário afaste o cinto lentamente uns 10 centímetros do corpo e, então, dê o puxão rápido que o deixa preso.
Usado dessa forma, assim como ocorre com o grampo, o cinto fica solto e perde a sua eficácia em caso de acidente.

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