São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 1995
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Evolução desconsidera conforto

DA REPORTAGEM LOCAL

O cinto de segurança nos automóveis vem evoluindo em matéria de segurança mesmo que em detrimento do conforto.
"Não pode haver margem de erro em questão de segurança", diz o engenheiro Alberto Soares da Silva, chefe de produção de cintos da TRW, o maior fabricante deste equipamento no mundo.
A multinacional, que fica em Mauá (Grande São Paulo), divide o mercado brasileiro de cintos com outros dois grandes fabricantes, a Chris (SP) e a Huzi (de Itu).
Segundo o engenheiro Lino Belli Júnior, da Chris, o sistema de conforto dos cintos também está deixando de ser fabricado para carros nos EUA. Na Europa, segundo ele, nem costuma ser usado.
A maioria dos cintos abricados no Brasil obedece a um duplo sistema de travamento (veja quadro).
O sistema convencional é o de sensibilidade aos movimentos do veículo. O cinto deve travar como reação a uma freada brusca ou à entrada do carro numa curva acentuada.
O travamento ocorre em consequência do movimento de uma bolinha de metal (ou de um pêndulo) embutida dentro no cinto.
Essa bolinha é regulada para acionar uma alavanca, que vai travar o cinto, em resposta a uma determinada aceleração.
As normas técnicas norte-americanas são mais flexíveis do que as brasileiras em relação ao ponto de travamento do cinto.
Isso significa que os cintos fabricados no Brasil travam em resposta a uma desaceleração inferior à que faz os cintos produzidos nos EUA travarem.
O segundo sistema de travamento dos cintos é o de sensibilidade aos movimentos no "cadarço" (como os fabricantes chamam o cinto propriamente).
Esse sistema só funciona em conjunto com o sistema de sensibilidade aos movimentos do veículo.
Trata-se de um mecanismo que determina o travamento do cinto em resposta a um puxão abrupto do cadarço.
No Brasil e nos EUA, as normas estabelecem que a aceleração necessária para travar o cadarço seja superior à necessária para acionar o mecanismo de sensibilidade aos movimentos do veículo –numa batida, o cinto trava em consequência da desaceleração do veículo e não do impacto do corpo no cadarço.
"Fazer cinto é mais complicado do que fabricar relógios", diz o engenheiro Alberto Soares da Silva.

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