São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 1995
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Abertura gera inovação tecnológica

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

A abertura econômica obrigou as empresas nacionais a investirem em tecnologia para enfrentar a concorrência dos importados.
Nos últimos cinco anos, 38,7%, em média, do faturamento bruto (receita obtida com vendas) das empresas vêm sendo garantidos pelo lançamento de novos produtos. Entre as indústria de pequeno porte o percentual atinge 71%.
As vendas de inovações já equivalem a mais da metade do faturamento bruto em setores como autopeças e equipamentos industriais.
Coerente com a tendência internacional, as despesas em pesquisa e desenvolvimento tecnológico são proporcionalmente mais elevadas no setor de equipamentos e componentes eletrônicos.
Essas empresas gastam cerca de 8% de seu faturamento bruto nessa atividade –a média mundial é superior a 10%.
Essas informações emergem de levantamento conduzido junto a 357 empresas de 36 setores da economia pela Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Industriais).
A entidade, com sede em São Paulo, consolida uma base de dados que possibilita a mensuração de gastos e investimentos com pesquisa tecnológica realizados no país.
Alcança US$ 3 milhões anuais a média de dispêndios por empresa em pesquisa, desenvolvimento e engenharia (P&D&E) não rotineiro (relacionado a processos de inovação).
O total desembolsado pelas grandes empresas (acima de 10 mil funcionários) é 8,5 vezes superior ao valor médio.
As despesas com pesquisa tecnológica correspondem a 1,4% do faturamento bruto. Companhias norte-americanas gastam o dobro (3%), de acordo com levantamento do IRI (Industrial Research Institute).
Estatísticas oficiais indicam que as empresas brasileiras gastam somente 0,7% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento. É esse o percentual que consta de relatório do Ministério da Ciência e Tecnologia.
O levantamento da Anpei constatou que, em 1993, o montante das 357 empresas atingiu US$ 712 milhões. Esta cifra é superior à estimada participação de US$ 600 milhões do setor empresarial nos dispêndios nacionais de ciência e tecnologia.
"Uma projeção indica que as 500 maiores empresas do país somam um potencial de gastos da ordem de US$ 2,7 bilhões", diz o professor Roberto Sbragia, especialista em gestão tecnológica da USP (Universidade de São Paulo) e coordenador do levantamento.
Diante disso, ele considera "modesta" a meta anunciada pelo governo federal de se atingir US$ 1 bilhão de investimentos privados em pesquisa.
A maior parcela (76%) dos gastos em P&D&E das empresas no país contempla itens de custeio como salário de pesquisadores, materiais de consumo e depreciação de equipamentos.
Apenas 24% referem-se a itens de investimento como montagem de laboratórios, equipamentos e instrumentos.
O número de patentes por cem pesquisadores obtidas anualmente pelas empresas norte-americanas (8,1) é superior ao das nacionais (1,5).

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