São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 1995
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As franquias no Cone Sul

MARCELO CHERTO; MARCUS RIZZO

MARCELO CHERTO
MARCUS RIZZO
O franchising ainda mal engatinha na maioria dos países latino-americanos. Segundo as últimas informações que recebemos de nossos correspondentes, há pouco mais de cem franqueadores atuando na Argentina e menos de 40 no Chile.
Para se ter uma idéia do que isso significa, basta dizer que a edição 1995 do Guia de Oportunidades em Franchising, que o Instituto Franchising está lançando hoje (informações pelo fone 011-829-7561), contém informações a respeito de mais de 900 empresas franqueadoras que operam atualmente no Brasil.
Entre o final de 93 e o final de 94, surgiram na Argentina 32 novos franqueadores. Aqui no Patropi, no mesmo período, esse número passou de 150.
Além disso, os países que nos cercam continuam sendo basicamente "importadores de franquias", com baixíssimo índice de franqueadores 100% nacionais. No Brasil, acontece o oposto: por aqui, a vasta maioria das empresas franqueadoras é nativa.
A nosso ver, isso é extremamente positivo, pois, ao contrário do que muita gente parece acreditar, o simples fato de um sistema ter sido bem-sucedido em outros países não significa que o mesmo vá dar certo nesta terra que tem palmeiras onde canta o sabiá. Até mesmo porque não é qualquer gringo que consegue entender o Brasil, este lugar ao mesmo tempo maravilhoso e complicado, que se a gente cercar vira hospício e se cobrir vira circo.
O mesmo, por certo, ocorre nos países da América espanhola. Tanto que a Domino's, uma das redes mais conhecidas de pizzarias dos EUA, deu com os burros n'água na terra do tango. Simplesmente se retirou do país, depois de um longo período tomando pancada. O mesmo ocorreu com a Benetton.
Algo parecido está também acontecendo com a Solarex, dos EUA, que franqueia unidades distribuidoras de equipamentos para armazenagem e utilização de energia solar.
Mesmo sendo uma subsidiária da grande distribuidora de petróleo americano Amoco e ostentando no currículo o fato de ser fornecedora da Nasa e do Departamento de Defesa dos EUA, sua operação de franchising na Argentina está fazendo água por todos os furos.
Por outro lado, o McDonald's, depois de um início nada brilhante, parece estar finalmente se dando muito bem na terra do bom churrasco, o que prova que o franchising, em si, pode dar certo em qualquer lugar. Desde que os responsáveis pela operação estejam dispostos a descer do pedestal e "fazer sua lição de casa".
A verdade é que nem o franchising, nem a América Latina são para amadores. Nesses departamentos, como em tantos outros, ou neguinho é profissional, ou fica mais perdido do que cachorro que cai do caminhão de mudança: sem saber "se corre atrás dos trens ou se volta para a querência". Dança bonito!

MARCELO CHERTO é diretor da Cherto & Rizzo Franchising.
MARCUS RIZZO é presidente do Instituto Franchising. Ambos são professores da FGV e da Franchising University e autores de diversos livros sobre o assunto.

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