São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 1995
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A volta do camisa sete

CIDA SANTOS

Nesta metade dos anos 90, o Fiat/Minas relembra glórias passadas e coloca em quadra uma dupla tricampeã brasileira dos anos 80: o técnico sul-coreano Young Wan Sohn e o atacante Pelé.
A idéia inicial era Pelé como auxiliar-técnico. Mas depois de três derrotas seguidas, o passado falou mais alto.
Sohn teve uma conversa com ele. Disse que o time era jovem e precisava de um capitão experiente. Pelé vacilou, mas não resistiu. Aceitou o convite. Voltou a vestir a velha camisa sete e entrou no terceiro set contra o Cocamar.
E não é que ele virou o jogo! Bateu 35 bolas. Colocou 32 no chão. Uma façanha para quem estava há duas temporadas sem jogar e, com quase 37 anos, é hoje o atleta mais velho da Superliga.
Depois disso, Pelé se tornou uma espécie de arma secreta. Nas últimas duas semanas, o mesmo ritual tem se repetido. Quando o jogo começa a se aproximar do terceiro set, o técnico acena para o jogador. Pelé então entra em ação.
O problema ainda é o preparo físico. Ele mesmo conta que saiu do jogo contra o Cocamar com o corpo todo dolorido.
Pelé talvez seja a melhor tradução do estilo oriental de Sohn. Os dois têm sede de vitória. Eles foram as estrelas do Fiat/Minas, um time que, no período de 84 a 86, conquistou três títulos brasileiros sem ter jogadores de seleção.
A persistência que orienta os dois aparece clara em uma das preleções mais repetidas por Sohn.
Ele faz referência a uma briga de cachorros. Diz que quando um consegue pegar o pescoço do outro, não solta enquanto não matar a presa. É assim que Sohn quer seus atletas em quadra. Com uma postura agressiva, que tire do adversário a chance de reação.
É com essa disposição que Pelé tem entrado em quadra. Os tempos são outros. O time não tem a mesma união do sexteto formado nos bons tempos apenas por mineiros. Mas a equipe caminha com objetivo definido: ficar em quinto lugar na primeira fase e, quem sabe, surpreender no playoff.
A volta de Pelé tem balançado os corações mineiros. A atacante Hilma, da seleção e do L'Acqua di Fiori, não esconde suas influências. Diz que, de tanto ver Pelé jogar, pegou o mesmo estilo.
Seus ataques de fundo repetem a trajetória do ídolo: impulsão para a frente e muita velocidade.
Não à toa, Hilma tem um claro desejo para esta Superliga. "Estou torcendo para ele arrebentar. E eu também".

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