São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OASIS

FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Somos a melhor banda do mundo", declara o guitarrista Paul "Bonehead" Arthurs, 23, do grupo inglês Oasis, movido por genuína convicção.
Viciados nos elogios e mimos da imprensa britânica, os integrantes do Oasis se consideram a segunda encarnação dos Beatles.
Formado em Manchester há um ano e meio, o grupo teve seu primeiro álbum, "Definitely Maybe", considerado o melhor LP inglês de 1994. O disco saiu no Brasil em dezembro.
Paul "Bonehead" Arthurs falou à Folha por telefone, de Londres, com exclusividade, avisando que quer jogar uma pelada no Brasil em 95. Como típicos meninos mimados, os membros do Oasis têm fama de "hooligans".
Folha - Como Oasis foi parar nas capas de inúmeras publicações mesmo antes de lançar seu primeiro álbum?
Paul – Acho que tudo se deve à qualidade de nossos shows. Há 19 meses, não tínhamos sequer contrato. Mas bastou um show em Glasgow, onde tocamos só quatro músicas, para o presidente de nosso selo, que estava na platéia, nos contratar.
Desde então, fizemos uns shows e ganhamos ótimas críticas. Foi a música que nos rendeu um contrato, a admiração da imprensa, as capas e tudo o mais. Ela significa mais do que todas as fofocas que têm sido escritas sobre nós.
Folha - De onde vem a fama violenta da banda?
Paul - Alguns incidentes acontecem, coisas quebram e tudo acaba ganhando uma proporção descabida. Esse tido de coisa acontece toda vez que moleques andam juntos e bebem demais. É normal.
Folha - O maior elogio feito ao grupo veio da revista "The Face", que chamou Oasis de "novo Beatles" e "novo Sex Pistols". Você concorda com a comparação?
Paul - Beatles e Sex Pistols são duas das nossas influências, mas a imprensa sempre vai comparar bandas novas com grandes nomes do passado.
Quem vai se interessar por um "novo Blur"? Digamos que é bem melhor ser chamado de "novo Beatles".
Folha - Parece que todo o ano a imprensa inglesa escolhe uma banda para encher a bola. Por quê?
Paul - Porque não existe música nova na Inglaterra há cinco anos, desde os Stone Roses, e a imprensa musical precisa de assunto.
O problema é que os grupos inventados a cada ano não conseguem segurar a onda do 'hype' e duram, no máximo, seis meses de jornalismo.
Folha - Você está preparado para lidar com esse tipo de ressaca, daqui a seis meses?
Paul - Não, porque nós realmente somos a melhor banda do mundo no momento. Sabemos disso não pelo que aparece escrito na imprensa, mas pela reação do público aos nossos shows.
Folha - Suede também achava o mesmo, mas seu segundo álbum foi recebido com frieza.
Paul - Suede não é uma banda boa, para começar. E nosso primeiro LP já vendeu mais do que os dois LPs do Suede juntos.
Mas se acontecer uma ressaca, vamos lidar com ela do mesmo jeito como lidamos com os elogios: lançando bons discos. Com Blur e Suede como competição, dificilmente podemos fazer feio.
Folha - Curioso, porque algumas músicas do Oasis trazem semelhanças com o estilo do primeiro álbum do Blur.
Paul - Talvez, porque na época (1990) eles tentavam soar como uma banda de Manchester.
Folha - Vocês se vêem como uma continuação do estilo "Madchester" (som de Manchester lançado em 1989)?
Paul - Não. "Madchester" aconteceu quando eu era criança e nunca chegou a ser um movimento. Mas soamos como uma banda de Manchester, claro.
Todos gostávamos de Stone Roses e Happy Mondays, mas Inspiral Carpets, Northside e Charlatans eram muito ruins.
Folha - Mas Noel (guitarrista e principal compositor do Oasis) andava com o pessoal do Inspiral Carpets.
Paul - Ele afinava as guitarras deles. Não significava que gostava da banda. Como Noel, milhares de pessoas trabalham como 'roadie' só para viajar pelo mundo.

Texto Anterior: Professores discutem na Folha proposta de acabar o vestibular
Próximo Texto: O rock da Inglaterra acabou e já era hora de isso acontecer
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.