São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 1995
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Atentado suicida mata 19 em Israel

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um atentado suicida em Israel matou ontem pelo menos 19 pessoas e feriu outras 61, das quais 12 em estado grave. O grupo radical muçulmano Jihad Islâmica reivindicou a autoria do ataque.
O atentado ocorreu às 9h20 (5h20 em Brasília). Foram duas explosões com três minutos de intervalo entre elas em um ponto de ônibus na intersecção para Beit Lid, a 30 km a nordeste de Tel Aviv e a 10 km da Cisjordânia.
Foi o mais grave ataque de grupos palestinos a alvos israelenses desde outubro, quando outro atentado suicida deixou 22 mortos.
Após o ataque, Israel anunciou que fecharia suas fronteiras com a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
O ponto de ônibus ficava ao lado de um bar. A violenta explosão fez o local " voar pelos ares", segundo uma testemunha.
Logo após a primeira bomba, várias pessoas correram para socorrer os feridos. Foi quando se deu a segunda explosão. A maioria dos mortos era de soldados israelenses que voltavam para as bases militares na Cisjordânia.
Pelo menos um palestino suicida participou do ataque, informou a polícia israelense.
Segundo a Rádio do Exército de Israel, a participação de um segundo terrorista (confirmada pela Jihad) ainda está sendo investigada.
A Jihad noticiou ontem o nome dos dois suicidas autores das explosões. Os "heróis" seriam Anuar Mohamed Atía Saker, 25, responsável pela primeira explosão, e Salah Abdel Hamid Shaker, 27.
O mesmo comunicado informa tratar-se de uma vingança pelos três policiais palestinos mortos em Gaza há duas semanas e pela morte do líder da Jihad, Hani Abed.
A Jihad informou que os atentados suicidas realizados por seus membros em Israel "continuarão com mais vigor e novas táticas".
A afirmação foi dada por Fathi Chakaki, o secretário-geral da organização.
A Jihad é um dos mais atuantes grupos de radicais islâmicos contrários aos acordos de paz entre Israel e a Organização pela Libertação da Palestina (OLP), assinados em setembro de 1993 nos EUA.
As reações contrárias ao atentado vieram de todos os lados. O líder da OLP, Iasser Arafat, condenou severamente o ataque realizado por "inimigos da paz".
Arafat telefonou para o primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, para transmitir condolências pelas mortes. O rei Hussein, da Jordânia, também enviou condolências ao premiê de Israel.
"Não tenho dúvidas de que esta ação é outra tentativa por parte de grupos extremistas islâmicos para atingir seu duplo objetivo: matar israelenses e interromper o processo de paz", disse Rabin.
O chanceler israelense, Shimon Peres, condenou o ataque, mas afirmou que o processo de paz com a OLP continuará. "Apesar da dor, não temos outra alternativa. Se pararmos o processo, isso freará a ação dos suicidas?"
Mas, no local do atentado, várias pessoas exigiam ontem o fim do processo de paz. "Rabin, o traidor" e "morte aos árabes" eram algumas das frases que os manifestantes gritavam.
O presidente israelense, em clara discordância com Rabin, pediu ontem a suspensão das negociações com a OLP. "Não falo em acabar com as negociações, mas em suspendê-las, e dizer a Arafat que deve fazer um esforço maior para impedir esse tipo de ação", disse Ezer Weizman.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, afirmou que "mais uma vez os inimigos da paz mataram inocentes em um esforço demoníaco de destruir as esperanças de árabes e israelenses".
Pelo menos 109 israelenses e 195 palestinos já morreram desde a assinatura do acordo de paz.

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