São Paulo, quarta-feira, 25 de janeiro de 1995
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O novo ovo de Colombo

É animadora a constatação de que as contratações cresceram entre junho e dezembro do ano passado. Ainda que normalmente o nível de emprego caia no início do ano e comece a recuperar-se no segundo quadrimestre, parece claro que a estabilização deu à retomada do emprego um impulso adicional.
Até dezembro o aumento do emprego em São Paulo, segundo o Dieese/Seade, supera ligeiramente as vagas perdidas no início de 94. Mas não se pode ignorar que, só na grande São Paulo, ainda há cerca de 1 milhão de desempregados.
Os próximos meses poderão mostrar se o Plano Real teve um impacto mais permanente sobre a oferta de empregos. A melhora será confirmada se, em vez de voltar a cair, o emprego neste início de ano mantiver o nível de dezembro.
Segundo pesquisa realizada pela Fiesp no início do mês, a indústria está otimista e tem planos de aumentar os investimentos. Mesmo assim, dificilmente o setor voltará a ser o grande gerador de empregos, como ocorreu até a década de 70.
No Brasil, como no mundo, a força de trabalho que saiu do campo em virtude da mecanização foi absorvida na indústria e na construção civil associada à urbanização. Hoje, o crescente uso das telecomunicações e a informatização fazem parte do novo padrão tecnológico industrial. E, como aumentam a produtividade, reduzem a necessidade de novas contratações.
A perspectiva de realocação da mão-de-obra da indústria para o comércio e o setor de serviços, entretanto, não é tão clara nem parece tão promissora como a que ocorreu na industrialização. Os empregos no setor de serviços tendem a ser menos estáveis e pior remunerados, segundo o Dieese/Seade. A terceirização e a reorganização administrativa que também ocorrem nesses setores restringem de certo modo a criação de novas vagas.
Recusar os avanços tecnológicos seria uma vã tentativa de regredir na história. Ignorar o desemprego seria negar um dos maiores problemas da sociedade comtemporânea. Mesmo com a economia estável, a criação de oportunidades de trabalho continua a ser um dos maiores desafios do Brasil. E do mundo.

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