São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 1995
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Coquetel virou romaria por cargos

LÚCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O coquetel oferecido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso à bancada do PMDB, ontem à noite, transformou-se numa audiência coletiva para pedidos de cargos, verbas federais e votos para a Presidência do Senado.
O deputado Hermes Parcianello (PR) aproximou-se de FHC e indicou o nome do ex-governador Mário Pereira para o cargo de diretor-geral da Itaipu Binacional.
"O cargo será do Paraná. Na cota do PMDB, indicamos o ex-governador. Ele, inclusive, é engenheiro eletricista", argumentou Parcianello.'
"Já estou informado sobre ele. Vou preencher o segundo escalão a partir de 5 de fevereiro. E vou considerar o nome dele", respondeu o presidente, segundo relato do deputado.
Parcianello afirma que o cargo é importante porque a Itaipu Binacional tem um orçamento três vezes maior do que o orçamento do Paraná. "Se não entrar na cota do PMDB, vou protestar. O PP também quer o cargo", disse.
Enquanto FHC conversava com os parlamentares, os senadores José Sarney (AP) e Iris Rezende (GO) circulavam entre os grupos e pediam votos para o cargo de presidente do Senado.
Os deputados discutiam os nomes para a liderança do partido na Câmara. Os articuladores das candidaturas de João Almeida (BA) e Michel Temer (SP) pediam votos.
Segundo relato de um senador, vários parlamentares se aproximaram dos ministros presentes para encaminhar pedidos de obras e verbas para seus Estados.
FHC procurou evitar conversas mais demoradas. Repetia frases feitas como: "Vamos cuidar do Brasil, todos juntos".
Os parlamentares gostaram da receptividade de FHC e de sua mulher, Ruth. "Ele é um gentleman", resumiu o senador Ronan Tito (MG). Todos foram recebidos na rampa interna do Palácio. Depois, circularam pelo salão principal. O fotógrafo da Presidência fez dezenas de fotos de parlamentares ao lado de FHC.
Em vez do suco prometido pelo vice Marco Maciel, foram oferecidos guaraná, coca-cola, cerveja e vinho nacional branco e tinto (Almadem), além de salgadinhos.
Os peemedebistas avaliaram que o seminário foi o primeiro passo dado para uma maior aproximação do partido com o governo e consideram, no entanto, que muitas das propostas de reforma à Constituição terão que ser negociadas.

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