São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 1995
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Soldados têm 3 semanas para se transformar em PMs

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Os 705 soldados transferidos ontem do Exército para a PM (Polícia Militar) do Rio terão três semanas para aprender o que o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da corporação leva um ano para ensinar ao policial militar concursado.
Na opinião do novo chefe dos soldados, coronel Paulo César de Oliveira, comandante do BPChoque (Batalhão de Choque) da PM, as três semanas não serão suficientes para instruir os transferidos de forma adequada.
"Vamos dar uma tintura de policial a este pessoal. O curso mesmo teria que durar um ano", disse Oliveira após a cerimônia de transferência dos soldados, ocorrida de manhã na Vila Militar, em Deodoro (zona oeste).
O improviso da transferência dos soldados teve no desfile da nova tropa da PM seu exemplo mais revelador.
Em marcha diante do governador Marcello Alencar (PSDB), do comandante militar do leste, general Edson Mey, e do secretário estadual de Segurança Pública, general da reserva Euclimar da Silva, os novos PMs usaram roupas comuns.
Como eles estavam deixando o Exército, não poderiam vestir uniforme militar. O problema é que a PM ainda não preparou fardas para os 705 novatos.
O jeito encontrado pelo Exército foi organizar um desfile com os soldados trajando roupas civis. A maioria deles calçava tênis e vestia calça comprida e camisa de malha colorida.
Os novos soldados ficarão na PM até o fim do ano. Encerrado este prazo, ou voltam para o Exército ou prestam concurso público na tentativa de continuar na PM.
Segundo o Exército, todos foram para a PM de modo voluntário. O Exército continuará a pagar seus salários, que vão de R$ 110 a R$ 220. O Estado deverá pagar a diferença entre o vencimento do soldado e o piso salarial da PM (R$ 220).
O governador disse não considerar os soldados despreparados para exercer a função policial, apesar da falta de curso específico.
"Todos estes homens tiveram treinamento recente, pois participaram das operações que estão em curso", afirmou ele.
O comandante do BPChoque disse que empregará o pessoal vindo do Exército em cercos a favelas dominadas por traficantes. Por enquanto, segundo o coronel, eles não entrarão nas favelas, tarefa que continuará sendo da Tropa de Choque e do Bope (Batalhão de Operações Especiais).
A transferência do pessoal do Exército para a PM é regulada por convênio firmado este mês entre o Estado e o Exército. O acordo prevê a passagem de até mil soldados de Artilharia, Infantaria e Cavalaria para a PM. A cota deve ser preenchida ainda neste trimestre.

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