São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 1995
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Antialérgico falsificado é comercializado

ALEXANDRE SECCO; GILBERTO DIMENSTEIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A polícia de São Paulo apreendeu em dezembro do ano passado cópias piratas de um dos remédios mais comuns usados no tratamento de alergias, o Fenergan injetável, fabricado pela Rhodia.
Sob a justificativa de não atrapalhar as investigações para a captura da quadrilha que produz o remédio pirata, a informação foi mantida sob sigilo pela polícia, pelo CVS (Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo) e pela própria Rhodia.
A polícia ainda não tem pistas da quadrilha. Nenhuma autoridade sabe dizer quanto Fenergan falsificado está disponível nas farmácias e pior: o conteúdo das ampolas ainda não foi identificado.
"Não sabemos que tipo de substância as pessoas estão injetando na veia", diz a diretora do CVS–SP, Marisa Lima Carvalho.
No último dia 23 é que ficou decidido entre a Rhodia e o governo a publicação de cartazes orientando sobre as diferenças entre a cópia pirata e o verdadeiro.
O verdadeiro Fenergan injetável tem registro e aprovação do Ministério da Saúde e pode ser usado normalmente, de acordo com orientação médica.
A orientação do governo, segudo a Rhodia, foi de que a divulgação deveria se dar apenas entre profissionais e órgãos públicos e privados que usam o remédio.
O gerente-médico da Rhodia, Celso Urubatan Reis, diz que o uso do Fenergan injetável é restrito em hospitais e ambulatórios.
A Vigilância Sanitária não descarta que o medicamento possa estar sendo usado em farmácias.
Reis disse que a empresa não divulgou as informações sobre a cópia pirata por orientação do Centro de Vigilância Sanitária. A diretora do centro não confirma a justificativa da Rhodia. Segundo Marina, a empresa teve que ser pressionada a fazer os cartazes para orientar a população sobre as falsificações.
Ainda segundo o gerente-médico da Rhodia, a empresa dirigiu sua atuação no caso do Fenergan falsificado sob orientação dos técnicos do governo. "Não temos poder para apreender cópias falsificadas e fazer fiscalização."
(Alexandre Secco e Gilberto Dimenstein)

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