São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 1995
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Nova regra empurra dólar para baixo

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi um dia de queda generalizada nas cotações do dólar. O motivo: a ampliação dos prazos de ACCs (Adiantamento de Contratos de Câmbio).
Na prática, significa a possibilidade de o exportador compensar, via juro, a perda com a excessiva valorização do real. É, no fundo, uma alternativa de incentivo às exportações sem que se mexa –o que seria inflacionário– na taxa de câmbio.
Com o incentivo, imagina o mercado, as exportações, especialmente de manufaturados, crescem, aumentando a oferta de dólares no mercado. Logo, os preços recuam. Foi o que aconteceu ontem.
No mercado comercial (exportações e importações), a baixa foi de 0,71%. O dólar fechou cotado a R$ 0,843 para compra e a R$ 0,845 para venda. No mercado futuro, as projeções para fevereiro registraram queda de 0,92%. O volume financeiro foi recorde: R$ 4,19 bilhões.
O mercado, por enquanto, está reagindo com base em expectativas e não em negócios efetivamente realizados.
Muitos analistas consideram que a medida é um sinal claro do governo: não haverá déficit comercial (importações maiores do que as exportações) este ano, uma grande nuvem negra no horizonte depois da derrocada mexicana.
O modelo de incentivo, porém, só se materializa se o juro interno continuar elevado. A questão é quanto de elevado.
Anteontem, o governo reduziu o redutor do cálculo da TR (Taxa Referencial). Ou seja, sinalizou que vai precisar pagar um juro menor para "fazer" a mesma TR. Ontem, o BC puxou ligeiramente para baixo o juro do over.
Foi o que bastou para que a discussão nas mesas de operação fosse o tamanho dos juros. O mercado fechou o dia dividido.
Alguns analistas dizem que uma redução dos juros poderia tirar o incentivo às exportações, tornando a medida dos ACCs inócua. Outros acreditam que o ritmo de inflação permite algum ajuste para baixo. Todos, porém, concordam que, feito o ajuste fiscal, a tendência é de queda das taxas.
O duro é fazer o ajuste fiscal. Existe apreensão no mercado sobre qual será o resultado final entre o jogo de concessões do governo e as medidas aprovadas. A lógica do ajuste é cortar gastos; e a das concessões, arranjar cargos públicos, especialmente nos postos que administram recursos.

JUROS
Curto prazo
Os cinco maiores fundões renderam, anteontem, em média, 0,120%. A taxa média do over, segundo a Andima, foi de 4,46% ao mês. No mercado de Certificados de Depósito Interbancário (CDIs), ainda segundo a Andima, a taxa média foi de 4,52% ao mês.

CDB e caderneta
As cadernetas que vencem hoje rendem 2,8380%. CDBs prefixados negociados ontem: entre 49,00% e 50,00% ao ano para 35 dias. CDBs pós-fixados de 120 dias: entre 14% e 16% ao ano mais a variação da Taxa Referencial.

Empréstimos
Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: a taxa oscilou entre 5,37% a 6,22% ao mês. Para 35 dias (capital de giro): entre 79,5% e 101,2% ao ano.

No exterior
Prime rate: 8,50% ao ano. Libor: 6,69% ao ano.

AÇÕES
Bolsas
São Paulo: alta de 2,25%, fechando com 39.268 pontos e volume financeiro de R$ 248,118 milhões. Rio: alta de 0,9%, fechando com 18.625 pontos e volume financeiro de R$ 13,000 milhões.

Bolsas no exterior
Em Tóquio, o índice Nikkei fechou com 18.070,84 pontos. Em Londres, o índice Financial Times fechou a 2.271,90 pontos.

DÓLAR E OURO
Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,843 (compra) e R$ 0,845 (venda). Segundo o Banco Central, o dólar comercial foi negociado ontem a R$ 0,844 (compra) e R$ 0,846 (venda). "Black": R$ 0,840 (compra) e R$ 0,850 (venda). "Black" cabo: R$ 0,848 (compra) e R$ 0,853 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,830 (compra) e R$ 0,860 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: baixa de 0,24%, fechando a R$ 10,460 o grama na BM&F.

No exterior
Segundo a agência "UPI", em Londres, a libra foi cotada a 1,5933. Em Frankfurt, o dólar foi cotado a 1,5150 marco alemão. Em Tóquio, o dólar foi cotado a 99,54 ienes. Em Nova York, a onça-troy (31,104 gramas) do ouro fechou a US$ 381,60.

FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para janeiro fechou em 3,48% e para fevereiro a 3,34% no mês. No mercado futuro do índice Bovespa, a cotação para fevereiro ficou em 39.100 pontos. No mercado futuro de dólar, a moeda norte-americana para janeiro fechou a R$ 0,845 e para fevereiro a R$ 0,862.

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