São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 1995
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Depois do México

Impulsionados pelo aumento das vendas e pelo sucesso obtido pelo real até o momento, os planos de investimentos diretos de grandes empresas são animadores. Se confirmados, poderão ser o início de um novo ciclo de crescimento no país. Mas a crise mexicana coloca novos desafios à estabilização da economia brasileira.
As pesadas perdas sofridas por investidores internacionais e a demonstração de que estavam equivocadas as previsões sobre a economia do México afetaram seriamente as perspectivas de entrada de recursos também no Brasil. É preciso rever a estratégia do Plano Real face às implicações dessa substancial mudança no cenário econômico internacional.
Em sua estratégia original, o governo brasileiro contava com a entrada de recursos financeiros para compensar a rápida queda no saldo da balança comercial. Hoje, para dizer o mínimo, é incerto que essas entradas ocorram. E, se ocorrerem, seguramente serão bem menores. Déficits como os de novembro e dezembro não podem se repetir.
Nessas circunstâncias, tornou-se exíguo o período pelo qual se poderá manter a política de contenção dos preços através da importação de uma quantidade crescente de produtos. Reduziu-se dramaticamente o tempo disponível para transitar entre a chamada âncora cambial –baseada no câmbio valorizado e no estímulo às importações– e a âncora fiscal, ou seja, o equilíbrio das contas públicas.
Se o terreno treme, é fundamental assentar em bases sólidas a incipiente estabilidade obtida com o Plano Real. É essencial que o Brasil esteja preparado, do modo a evitar aqui uma crise similar à que ocorreu no México.
Enquanto não "baixar a poeira" e se restaurar a credibilidade dos mercados latino-americanos, o Brasil precisa estar aparelhado para enfrentar um cenário internacional certamente desfavorável.
A necessidade de reverter o déficit comercial verificado no final do ano passado é imperiosa. É inaceitável manter importações maciças e crescentes de bens supérfluos e produtos de consumo final.

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