São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995 |
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Engenheiro vive 7 anos na China e volta empregado Chou Cheng viajou para fugir da crise brasileira nos anos 80 DANIELA FALCÃO
"Tinha me formado há pouco tempo e o Brasil estava em crise. As chances de arrumar um bom emprego aqui eram pequenas e eu tinha muita curiosidade de voltar à China", diz. Ele nasceu em Formosa e veio ao Brasil aos sete anos, fugindo da revolução. Até 84, não tinha voltado à China ou a Formosa. "Voltar ao lugar onde nasci foi emocionante porque eu não lembrava de quase nada. Reencontrei parentes e conheci primos que nunca tinha visto", diz. Depois de passar três anos reaprendendo a língua e conhecendo o país, Cheng arranjou emprego numa empresa brasileira de comércio exterior. "É a melhor alternativa de emprego para quem volta à China. Empresas brasileiras precisam de chineses que falam português e o salário é razoável." Cheng recebia cerca de US$ 2.800 (R$ 2.360 pelo câmbio comercial) por mês e conseguia economizar 70% do salário. "Juntei dinheiro porque a firma pagava o aluguel e eu não ia a restaurantes nem boates. O custo de vida na China é alto." Em 91, Cheng voltou ao Brasil para "resolver a vida pessoal". Ele continua trabalhando na mesma empresa e não quer voltar à China em curto prazo. Para Cheng, os chineses são bastante receptivos aos imigrantes que retornam ao país, mas não se misturam. "Apesar de ser chinês, me sentia como um estrangeiro. Meus melhores amigos eram chineses que haviam saído da China ainda crianças e que estavam de volta ao país, como eu." A língua foi a maior barreira para Cheng. "Em casa, falava chinês com meus pais, mas nunca aprendi a ler e escrever. Demorei três anos para me comunicar bem e até hoje não domino completamente o idioma." Cheng diz que, quando chegou, ficou chocado com o atraso tecnológico. "Fiquei impressionado com carros e caminhões, que eram iguais a modelos brasileiros de 20 anos atrás. Mas hoje o atraso já foi superado." Texto Anterior: Churrascaria gaúcha tem gerente paulista Próximo Texto: Sem RG, refugiados só vêem TV e vão à praia Índice |
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