São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995 |
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Churrascaria gaúcha tem gerente paulista
JAIME SPITZCOVSKY
O trabalho de Tsui, 24, é convencer os consumidores locais a trocarem a carne cortada cuidadosamente na culinária chinesa pelos rústicos golpes de faca do churrasco gaúcho. Tsui gerencia a churrascaria Beijing-Brasil, uma iniciativa conjunta da Sadia e do Ministério da Agricultura da China. Apesar da fluência em chinês e dos conhecimentos da cultura local transmitidos pelos pais ainda no Brasil, Tsui diagnostica: "Para os chineses, eu sou um estrangeiro". Ele não se queixa da distância mantida pelos 70 funcionários chineses, fanáticos pela hierarquia. "Minha maior dificuldade foi o choque cultural", diz. "A China que encontrei é diferente daquela das histórias dos meus pais. Valores tradicionais hoje são substituídos por idéias da sociedade de consumo". Seus pais chegaram ao Brasil na década de 60. Naquela época, a China vivia sob a ortodoxia comunista de Mao Tse-tung e falar em reformas capitalistas ou abertura ao exterior soava como pecado mortal. A educação chinesa despertou em Tsui a curiosidade pela terra de seus familiares, o que, segundo ele, levou-o a aceitar o convite da Sadia. Fiel ao respeito chinês pelo silêncio, o engenheiro e administrador evita comentar o lado financeiro da proposta e eventuais vantagens salariais. Tarefas Ainda sem previsão para voltar ao Brasil, Tsui, trouxe na mala duas tarefas: administrar o restaurante, aberto em julho último, e mapear o mercado chinês para a Sadia. "Mas dedico ainda quase todo meu tempo à churrascaria, que está terminando a fase de solidificação", afirma. A Beijing-Brasil, um investimento de US$ 600 mil (R$ 506,4 mil pelo comercial) da Sadia, oferece carne brasileira preparada sob a supervisão de um gaúcho e servida por garçons chineses. "Já temos uma média de cem clientes por dia e a tendência é aumentar", diz Tsui. Também o chimarrão atrai os moradores de Pequim. Eles consomem no restaurante 2.000 cuias por mês. Texto Anterior: Revisão rediscutirá a independência econômica Próximo Texto: Engenheiro vive 7 anos na China e volta empregado Índice |
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