São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995 |
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Decreto antifumo cria `apartheid do tabaco'
MAURICIO STYCER
Fumantes reclamam de segregação, sofrem com aumento da ansiedade e se escondem no banheiro para tragar Para quem fuma, São Paulo se transformou, da noite para o dia, numa espécie de Johannesburgo da época em que brancos e negros não podiam frequentar nem os mesmos banheiros públicos. O decreto do prefeito Paulo Maluf, que desde segunda-feira proíbe o fumo em todos os restaurantes da cidade, criou um ``apartheid tabacal", na definição do empresário Renato Schioppa. Sua mulher, Sandra, interrompeu o jantar no restaurante Tatou, na última quinta-feira, para fumar escondido no banheiro. ``Isso é um horror", lamentava ela. Seu cunhado, Roberto, optou por fumar na rua. ``Essa lei derruba os meus direitos humanos", disse ele. ``Queria que o prefeito soubesse que ele foi ingrato por eu ter votado nele", esbravejava o gerente de marketing Marcelo Stenzel, isolado no ``fumódromo" do restaurante Ciao, enquanto sua mulher e um amigo jantavam no salão principal. ``Esse decreto é ditatorial. Me sinto em pleno apartheid tendo que me levantar no meio do jantar para fumar", dizia, na calçada em frente ao restaurante Spot, o publicitário Paulo Sant'Anna. Terça-feira, numa festa no Café Cancun, Sant'Anna viu algumas pessoas fumando escondido no banheiro. ``Isso é muito colegial." LEIA MAIS sobre o decreto antifumo às págs. 2 e 4 Próximo Texto: Dono de restaurante não quer ser polícia Índice |
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