São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995 |
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Para regente, todo desafinado tem jeito
LÚCIA MARTINS
O regente Paulo Celso Moura, 31, conta essa história para ilustrar o principal problema que enfrenta com seus alunos. ``Muitos chegam travados. Dizem que são desafinados e acham que isso é uma sentença", disse. Sheila Mersmelstein, 39, canta no coral Puro Encanto. Ela diz que custou a se convencer a entrar no coral porque se achava desafinada. ``Todo mundo sempre me disse que sou desafinada. Cantando no coral aprendi a relaxar, a não ligar mais." No coral, ela descobriu que é contralto (voz feminina mais grave). ``Te chamam de contralto quando você não tem voz." Uma colega de coro, a arquiteta Mira Harari, 42, também se achava ``sem voz". ``Sempre tive muita vergonha. Uma vez cantei numa peça, mas eram mais de 200 pessoas cantando. Participei porque tanto fazia cantar bem ou mal porque a minha voz não ia aparecer." A artista plástica Evani Levy, 43, diz que nunca cantou, nem no banheiro. ``Sempre me achei desafinada. Tinha vergonha até de tentar. O coral me faz muito bem. Estou aprendendo a me soltar." No próximo dia 31, o Puro Encanto se apresentará no Bar Avenida (Pinheiros, zona oeste). Evani prefere não pensar nisso. ``Ainda não convidei ninguém. Meus filhos estão loucos para ver porque eles não acreditam que eu canto. Quem sabe se, depois da apresentação, eu não começo a cantar alguma coisa em casa?" O regente Luiz Celso Rizzo, 43, diz que tenta combater o ``mito" da desafinação. ``É claro que há vozes mais fortes e mais bonitas, mas todo mundo pode cantar afinadamente. É questão de treino." Texto Anterior: Paulistano solta voz para segurar os nervos Próximo Texto: COROS DA CIDADE PARA INICIANTES Índice |
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