São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995 |
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Reajuste anual de salários exige orçamento planejado
VERA BUENO DE AZEVEDO
Daí a importância de planejar seu orçamento anual, para não assumir, logo que sua renda aumenta, novos compromissos que mais tarde não poderá pagar. O dinheiro que sobra nos primeiros meses após o reajuste salarial pode ser necessário para arcar com aumentos que virão em meses seguintes, como da mensalidade escolar e do plano de saúde. ``O brasileiro precisa reaprender a fazer o orçamento em uma economia estável", diz Nelson Barrizzelli, economista da USP (Universidade de São Paulo). Segundo ele, antes do Plano Real, quem recebia o salário ia gastando, aproveitando oportunidades, até que o dinheiro acabasse. Havia pouco planejamento e quase nenhuma prioridade nos gastos. Era preciso comprar antes que o preço aumentasse, o que ocorria com muita frequência. ``Hoje, é possível prever despesas futuras e, portanto, planejar, organizar e estabelecer prioridades nos gastos", diz Barrizzelli. Preços menores Para o economista, ganham aqueles que esperarem para comprar. ``Num futuro próximo, os preços deverão estar mais alinhados e mais baixos." Barrizzelli dá como exemplo os automóveis. ``Imagine como deve estar se sentindo hoje, quando há veículos disponíveis, a preços mais baixos e com desconto, o cidadão que, no ano passado, adquiriu um carro `popular' com ágio." Ele aconselha o consumidor a guardar dinheiro para comprar, mais tarde, à vista. Assim, também escapa do juro alto e do comprometimento da renda futura com prestações que poderão não caber em seu orçamento. Barrizzelli diz ainda que é importante aprender a pechinchar preço. ``As empresas precisam vender e o consumidor deve pedir desconto no pagamento à vista, sem qualquer constrangimento." Pequenos valores Ele lembra ainda a importância de levar em conta os valores pequenos. ``Em uma economia estável, os centavos têm um valor considerável, que não tinham na época de inflação alta." E exemplifica: ``Quem vai comprar pão e aceita uma bala como troco, quatro ou cinco vezes seguidas, estará deixando de ter dinheiro para comprar alguns pães." Juarez Rizzieri, presidente da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), tem a mesma opinião. Mas, segundo ele, o brasileiro já está se conscientizando disso. ``Hoje, são poucos os que desprezam as moedas e não fazem questão dos centavos de troco, como ocorria em 94", afirma. Não assumir dívidas, principalmente de longo prazo, é outra dica de Barrizzelli. ``O que hoje parece um bom negócio pode ser um mau negócio daqui a alguns meses", diz ele. O economista lembra que, no final de 94, muitos consumidores fizeram financiamentos em até 24 meses, a juros altíssimos, que ainda estão pagando. ``Hoje, os juros estão bem mais baixos, embora ainda sejam elevados", afirma. Texto Anterior: Consultor indica juros e ações como alternativas Próximo Texto: Estabilidade permite estimar gastos futuros Índice |
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