São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
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Hill diz que precisa tentar o título da F-1

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
ENVIADO ESPECIAL A NURBURGRING

Ele luta contra o fantasma do pai, contra o maior piloto da atualidade e, agora, até contra o próprio companheiro de equipe.
Pior, parece ter que combater as próprias fraquezas.
Aos 35 anos, Damon Hill tem o equipamento mais sofisticado do automobilismo mundial nas mãos. Mas, como bem descreveu um jornalista britânico, se segura na disputa do título da F-1 em 1995 com a ponta das unhas.
Uma situação dramática, a ponto do piloto da Williams reconhecer que precisa de um milagre.
Em entrevista à Folha, Hill nega ter desistido da disputa. E diz: ``Tenho que tentar até o fim".

Folha - Nesta temporada você abandonou cinco corridas com problemas no carro ou por acidentes? Em quantas dessas você assume a culpa?
Hill - Tive problemas mecânicos em várias corridas. Em Silverstone (Inglaterra) eu tentei passar Michael (Schumacher) e ele não me viu. Isso foi ruim...
Em Monza (Itália), eu brequei tarde, mas fui atrapalhado por Inoue (Taki Inoue, da Arrows). Por causa de sua manobra eu tive que brecar tarde para garantir que eu o passaria naquele ponto. Então bati em Michael. Lamentável.
Folha - Em nenhum destes acidentes a culpa sua?
Hill - Bem, eu foi suspenso por uma corrida (teve sursis) por causa de Monza. A FIA considerou que eu errei no episódio. Mas não fizeram nada contra Inoue. Ele não me viu e reconheceu isso mais tarde.
Já o problema de Silverstone foi considerado um acidente de corrida. Eu tentei passar Michael.
Folha - Como ele fez com você em Portugal?
Hill - Quando Michael entrou pela parte interna da curva, eu o vi. Eu não queria bater nele. Mas em Silverstone, ele disse que não me viu. Então batemos.
Folha - Você vê diferenças entre o seu estilo e o dele?
Hill - Acho que tenho meu próprio estilo. Mas é difícil falar sobre Michael. Ele tem um estilo muito particular. Parece conseguir alterar a forma de dirigir rapidamente. Quando tem problemas, consegue se recuperar instantaneamente. Ninguém o alcança.
Folha - Em 94, você alterou bastante seu estilo nas duas últimas corridas do ano. Você estava mais agressivo.
Hill - Eu lutava pelo título.
Folha - Mas você está lutando agora também?
Hill - Sim, é verdade. Acho que estou dirigindo da mesma forma agora. Mas estou...
Folha - Arriscando mais?
Hill - Não, estou dirigindo em outro nível apenas.
Folha - No limite?
Hill - Sim. Este ano estou conseguindo trabalhar no limite nas classificações. Em Silverstone alcancei o limite mais alto.
Algumas vezes meu desejo de vencer o campeonato não me deixa livre. Corro preocupado, tentando ser rápido. É uma nova situação...Na verdade não é. Mas eu quero ganhar o campeonato.
Tenho que tentar. Contra tudo o que aconteceu nesta temporada. Tive problemas, como em Monza. Mas o campeonato não acabou.

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