São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gremistas criam outro clima de decisão

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Até parece que o Grêmio bateu o Cruzeiro, na quinta-feira, para criar outro clima de decisão diante do Palmeiras.
Sim, porque o Grêmio, que está com os olhos postados lá onde o sol nasce, desprezou desde o início este Brasileiro.
Mas, por instinto, não poderia desprezar a chance de fazer outra falseta com seu mais ferrenho adversário nos últimos tempos. É coisa de um ano, embora Grêmio e Palmeiras estejam nessa estrada há muitos anos. Cruzaram-se pelos caminhos do futebol infinitas vezes, sem que isso representasse nada de especial. Mas, neste ano, parece que os astros resolveram estabelecer essa nova rivalidade, que se acendeu na disputa da Copa do Brasil e incendiou-se na Libertadores.
E, coincidência ou sortilégio, o Palmeiras, que se ufanava de ter melhor elenco do Brasil, bicampeão brasileiro e traçando planos que incluíam o fecho de ouro em Tóquio, viveu, subitamente, diante do Grêmio, seus momentos mais atrozes e o mais glorioso dos últimos tempos. Foi jogado fora da Copa do Brasil e da Libertadores por esse mesmo Grêmio que lhe permitiu o instante mágico daqueles memoráveis 5 a 1, em uma das mais brilhantes exibições da história.
Antes de Grêmio e Cruzeiro do meio de semana, o Palmeiras mantinha acesa a esperança de ganhar o primeiro turno do Brasileiro, mas só rezando para os adversários do Cruzeiro, que, matematicamente, poderia chegar na frente.
Com a derrota do Cruzeiro diante do Grêmio, a chama ganhou proporções de uma fogueira. Mas, aí, vem o balde de água fria, esse Grêmio de tantas desilusões.
É verdade que, na fria análise do jogo, hoje, as circunstâncias são outras, pelo menos no que se refere ao Palmeiras, um time reforçado técnica e animicamente.
Mas, quando se trata desta recente rivalidade, enquanto o Grêmio estica seu olhar cobiçoso para Tóquio, é bom o Palmeiras erguer seus olhos para entender o que está escrito nas estrelas.

Hoje, me vejo de bombachas, poncho aos ombros, empunhando uma cuia de chimarrão e pensando no Inter, que recebe a Lusa em Porto Alegre, praticamente classificado.
Que extraordinária capacidade de regeneração desse time!
Vejo-o pouco em ação, mas o suficiente para atestar a profunda transformação que se operou desde a final do Campeonato Gaúcho, com pequenas mudanças na escalação. Naquela decisão, com o Grêmio, o Inter era o que se poderia definir como uma baba. Jogaria cem anos e não reverteria o resultado. Desconexo, pálido, anêmico, dava a sensação que levaria muito tempo para reaprumar-se. Pois foi como num passe de mágica, quando o revi diante do Fluminense: ágil, astuto, incisivo, outra cara, alma nova. Teria sido a simples inclusão de Válber no meio-campo, ao lado de Elson? Não sei, os gaúchos é que me podem responder. Mas que desconfio, desconfio.

Texto Anterior: Hakeem Olajuwon cancela `duelo'; Austrália é ouro no Mundial da Colômbia; Miguel Indurain é destaque no Mundial; San Lorenzo empata com Ferrocarril; Rodada do português é adiado por eleição; Barcelona joga com Guimarães na Uefa
Próximo Texto: A lição
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.