São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
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Maradona retorna para devolver alegria ao futebol

TELÊ SANTANA

A volta de Maradona é uma felicidade para todos que gostam do futebol. Ele é um daqueles jogadores que todos querem sempre ver em campo.
Maradona é uma lenda, um dos maiores jogadores de todos os tempos.
Se ele tiver juízo, vai nos dar alegria por mais alguns anos.
Pena que seja difícil ele recuperar a forma de antigamente. Se fosse um profissional interessado, como o Toninho Cerezo, jogaria por muito mais tempo.
Maradona tem uma vida muito atribulada, é cercado por más companhias e tem dificuldades em manter o equilíbrio. Não suporta as pressões dos jornalistas.
Ele é um jogador que se rebela muito. Não tem a tranquilidade para lidar com a fama, como um Zico ou um Pelé.
Acho difícil, por tudo isso, que ele tenha condições de participar da próxima Copa do Mundo.
Também desconfio da sua investida como técnico de futebol. Um treinador precisa ter liderança, dar exemplo aos jogadores.
Um grande jogador não será, necessariamente, um grande técnico.
De qualquer forma, fiquei muito lisonjeado e orgulhoso quando o Maradona declarou que gostaria de trabalhar comigo.
É a consagração para mim e também para o São Paulo. Afinal, ele também demonstrou interesse em jogar pelo clube.
Na semana em que Maradona retorna ao futebol, aconteceram dois fatos lamentáveis.
O primeiro foi a entrada do Dinho, do Grêmio, no jogador do Bragantino (Negretti), que acabou rompendo os ligamentos do joelho.
Eu recrimino esse tipo de coisa. O Dinho, que já foi meu jogador, sabe disso.
Se ele ainda estivesse no São Paulo, seria sacado da equipe imediatamente.
Eu sempre digo que o retrato do time é o seu técnico. Os jogadores seguem o seu exemplo. Cabe ao treinador coibir as jogadas violentas.
No Paraguai, onde o São Paulo enfrentou o Olímpia, as cenas de violência se repetiram, tanto dentro como fora do campo.
Nossos jogadores apanharam muito e o Zetti cansou de levar pedrada.
Os jogadores habilidosos estão se extinguindo por isso. Ninguém toma providência.
Temo pelo Sávio, do Flamengo, e por outros atletas que têm as suas habilidades anuladas pela violência.
Coisas desse tipo fazem a gente pensar em largar o futebol.

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