São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
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Portugueses definem hoje futuro político do PSD

JAIR RATTNER
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LISBOA

As eleições em Portugal podem definir a sobrevivência política do presidente do Partido Social Democrata, Joaquim Fernando Nogueira, 45.
Eleito em fevereiro passado para substituir o premiê Cavaco Silva na direção do PSD, ele é apontado pelos analistas como um líder de transição.
Nem escândalos ocorridos quando era ministro da Defesa impediram colegas de lhe apoiar na eleição para presidência do PSD.
Um dos casos envolvia um afundamento mal feito pela Marinha de um navio carregado com munições fora do prazo de validade. Várias caixas apareceram nas praias portuguesas.
No segundo, a imprensa descobriu que a Aeronáutica consertou motores de aviões militares indonésios, país com que Portugal não tem relações diplomáticas. Nogueira justificou-se dizendo não saber o que estava acontecendo.
Filho de um vendedor de peixe em Matosinhos (norte), aos 10 anos vendia jornais e garrafas velhos para comprar balas. Foi o único de quatro irmãos a cursar a universidade, formando-se em direito, graças a uma bolsa de estudo.
Em 1983, foi secretário de Estado. No primeiro governo de Cavaco Silva, em 1985, foi escolhido para ser ministro após ter ocupado as pastas dos Assuntos Parlamentares, da Justiça e da Defesa.
Seu principal rival e cotado pelas pesquisas como virtual premiê é considerado um conspirador pelo Partido Socialista.
Foi no sótão da casa do socialista Antônio Manuel de Oliveira Guterres, 46, que se planejou a queda de três secretários-gerais do PS: Mário Soares, Vítor Constâncio e Jorge Sampaio.
A maior crítica de seus adversários é a sua total falta de carisma. Católico e profundamente religioso, Guterres começou sua atividade política no movimento Juventude Universitária Católica.
Apesar de sua religiosidade, discorda de alguns pontos da Igreja. ``Acho um reacionarismo os padres não poderem casar``, diz.
Nascido em uma família de classe média de Lisboa, sempre foi um aluno brilhante.
Guterres filiou-se ao PS em 1974. Sua persistência e capacidade de organização fizeram com que comandasse a campanha do partido às eleições de 1976.
O único cargo governamental que ocupou foi o de adjunto de Mário Soares, quando este era ministro sem pasta em 1974 e 1975.

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