São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
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Filme velho; Quero vender; Dinossauros; Abertura; Sem-terra; Aids; Sequestro; Cinema; Barulho de ônibus; Psiquiatria; Esterilização em massa

Filme velho
``O aumento do preço dos combustíveis e das tarifas dos serviços públicos é a catapulta que muitos empresários aguardavam para elevar os seus próprios preços, comprometendo o Plano Real. Esse filme já assistimos."
Raymundo Penha Forte Cintra (Botucatu, SP)

Quero vender
``Adorei a propaganda do Banespa que diz que o banco é meu. Então, quero vender."
Rodrigo Brito (São Paulo, SP)

Dinossauros
``Quem lê os artigos de Roberto Campos não se assustou com reportagem da Folha de 28/9 indicando falta de equilíbrio nas contas das estatais. Esses dinossauros não são nem sequer empresas. São institutos de aposentadoria que saqueiam o país. Isso tudo na cara de uma imprensa medíocre e falida que anda mendigando aportes de capital junto a esses fundos de pensão. Enquanto isso, os `PhD' do governo vão a almoços, jantares, palestras, simpósios, congressos, seminários -tudo no estilo das universidades públicas."
Luiz Gornstein (São Paulo, SP)

Abertura
``A manutenção do artigo 222 na Constituição, vedando ao capital externo a propriedade de meios de comunicação social, nos remete à seguinte indagação: que abertura é essa que permite ao capital estrangeiro a posse da Vale, a maior empresa mineradora do mundo, o que inclui parcela considerável do território nacional, mas o impede de editar um simples jornal interno para seus milhares de funcionários?"
Jacir Roberto Guimarães (Rio de Janeiro, RJ)

Sem-terra
``Tomamos conhecimento por meio da Folha e do jornalismo local dos lamentáveis `sucessos' ocorridos em Corumbiara (RO) com o massacre de camponeses pela polícia. As repercussões aqui em Lima foram as piores possíveis. Os peruanos não entendem por que não se implementam as `reformas agrárias' que resolveriam os conflitos no campo, já que constavam das propostas dos então candidatos principais (FHC e Lula). Eles me perguntam como pode um governo realizar a distribuição de terras com um ministro da Agricultura que possui extensas propriedades. E eu me pergunto: por que a sociedade brasileira, tão engajada na campanha contra a fome e a miséria encabeçada pelo Betinho, não encampa a campanha pela reforma agrária?"
Luiz Carlos Azarany (Lima, Peru)

Aids
``Discordo da sentença `é preciso diferenciar educação de propaganda. O anúncio da Aids-Bráulio é vulgar', do dr. José Aristodemo Pinotti, referindo-se à campanha nacional de Aids, em carta publicada no `Painel do Leitor' de 22/9. A linguagem da propaganda é vulgar, realmente, no sentido original do vocábulo, porque é usual, calcada nas expressões habituais da população-alvo da campanha, homens de múltiplas parcerias, entre 20 e 40 anos, das chamadas classes C e D. Considero, portanto, plenamente justificado o teor coloquial dado ao texto da propaganda. Por outro lado, ainda que seja fundamental diferenciar entre as responsabilidades de informar, educar e comunicar, componentes do nosso programa, cabem estratégias de abordagem distintas, próprias de um competente projeto de marketing social. É desnecessário que se lembre este ministério de que a educação para a saúde é a única alternativa efetiva para a prevenção da Aids. Um conjunto de ações está sendo implementado para o controle e prevenção das doenças sexualmente transmissíveis e da Aids, incluindo: campanhas, educação nas escolas -e para aqueles que não as frequentam- e para grupos excluídos (garimpeiros, prostitutas e seus clientes, prisioneiros etc.). A saúde é o bem mais valioso do ser humano e merece um enfoque de tratamento condizente com a era da informação."
Lair Guerra de Macedo Rodrigues, coordenadora-geral do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde (Brasília, DF)

Sequestro
``Sem dúvida merece vigorosa repulsa e justa punição qualquer crime de sequestro. Daí à fúria dos muitos que defendem a absurdamente rigorosa pena de 28 anos aos sequestradores de Abílio Diniz vai uma grande distância (ver Fernando Rodrigues, Folha, 27/9). Parece até que esse foi o mais hediondo crime do Brasil contemporâneo. A penas muito inferiores têm sido condenados autores de crimes muito mais covardes, brutais, perversos, enfim, inomináveis, que após terem cumprido o mesmo tempo já cumprido pelos sequestradores de Diniz (seis anos) estão reincidindo nas ruas."
Rodolpho Telarolli (Araraquara, SP)

Cinema
``Venho manifestar meu descontentamento com o ínfimo espaço que a Ilustrada está dedicando ao cinema. Foi por essa razão que cancelei minha assinatura. Só compro o jornal quando vejo que tem matérias de página inteira sobre filmes. Assim que voltarem a escrever bastante sobre o tema voltarei a assinar o jornal."
Antonio Manuel Lopes Amaral (Rio de Janeiro, RJ)

Barulho de ônibus
``Resido na capital, no bairro de Higienópolis. É cada vez maior o número de ônibus municipais que incomodam a população com fortes rangidos sempre que os freios são acionados. E para aqueles que residem nas imediações de pontos de ônibus é um martírio. Queda de qualidade das lonas de freio? Falta de adequada manutenção? Com a palavra, o prefeito Paulo Maluf."
Rubens Nunes Tavares (São Paulo, SP)

Psiquiatria
``Sobre o artigo do dr. Valentim Gentil Filho publicado neste jornal em 26/9, quando ali diz que `leis não curam pacientes', nós acrescentamos que os hospitais psiquiátricos também não curam. Nem leis nem hospícios irão curar alguém. A questão não é a `cura', conceito bastante discutível, a questão é transformar essas pessoas e dar-lhes outro padrão de autonomia. É necessário que a sociedade seja informada de que outras formas, que não a do internamento, existem e já provaram que deram certo em muitos países, inclusive no Brasil."
Geraldo Peixoto (São Paulo, SP)

``Brilhante a matéria `Manicômio, asilo e hospital' do professor Valentim Gentil Filho. Neste momento em que leis absurdas e retrógradas como a do deputado Roberto Gouveia pipocam por todo país, se faz necessário que a comunidade saiba os desastrosos resultados que a Lei Basaglia causou na Itália e em alguns outros países da Europa e nos Estados Unidos. Estão querendo utilizar algo que comprovadamente não deu certo. Não se acaba com qualquer tipo de doença por decreto."
Nivaldo José Caliman (Amparo, SP)

Esterilização em massa
``O prefeito Paulo Maluf pretende implantar projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal prevendo a realização de laqueaduras de trompas e vasectomia pela rede municipal de saúde. O projeto representaria um avanço se não estivesse comprometido pela ausência de critérios, que pode transformá-lo num instrumento de esterilização em massa. Além de critérios claros, tal projeto exigiria ainda uma política integral de saúde que viabilizasse inclusive o acesso da população a diferentes métodos contraceptivos. Entretanto, esse tipo de política é incompatível com os fins lucrativos do PAS."
Aldaíza Sposati, vereadora pelo PT-SP (São Paulo, SP)

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