São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995 |
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A pontualidade A pontualidade É difícil dizer se os brasileiros dos tempos de Maricá tinham melhores hábitos quanto a horários ou se o marquês era uma daquelas raras exceções. O fato é que, também sem cair no exagero de Eliachar, o brasileiro é muito pouco dado a cumprir horários. Quem ousar chegar às 21h numa festa marcada para as 21h, provavelmente encontrará os anfitriões ainda no banho ou na cozinha. Situação constrangedora. Os poucos brasileiros que insistem em seguir o relógio à risca são os que mais sofrem com os maus hábitos de seus conterrâneos. Os proverbialmente pontuais alemães também ``se atrasam", mas de forma bem mais organizada. Em alguns convites vem a abreviatura CT, do latim ``cum tempore" (com tempo), o que significa que todos devem chegar exatamente 15 minutos depois da hora marcada, nem antes nem depois. Para além de motivo de piadas, o hábito nacional de nunca chegar na hora tem suas consequências perversas. Embora seja muito mais comum na esfera da vida particular, ele também repercute, ainda que em menor grau, na vida profissional, o que obviamente causa perdas que contribuem um pouco para o chamado custo Brasil. Alguém dirigindo seu carro contra o relógio também tende a fazê-lo mais perigosamente, pondo em risco sua própria vida e a de outras pessoas. Sem necessariamente chegar no extremo dos alemães, os brasileiros bem que poderiam tentar obedecer um pouco mais a seus relógios. Com isso se ganharia na produção, na segurança e, principalmente, no respeito ao próximo. Como dizia Shakespeare (representante de outro povo bastante pontual): ``Atrasos têm consequências funestas". Texto Anterior: Governo resiste Próximo Texto: Polícias Índice |
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