São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
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enfim, um pintor sem estilo

LUCIA CRISTINA DE BARROS

Paulista, 39 anos. Família italiana, o nome não nega: Franco Cirri.
Quando chegou a hora de decidir-se por uma faculdade, optou por desenho industrial. Não terminou. Foi para a Itália, andou burilando técnicas, mas também descobriu o gesto -começou a pintar.
"Pinto o que vem na cabeça, não tenho tema fixo. Minha inspiração é o cotidiano, tenta uma explicação. Mas odeia falar sobre a própria obra. "Pintura é para ser olhada, não comentada". Como para ele qualquer intervenção atrapalha, só assina suas criações no verso.
O trabalho muda completamente de uma fase para outra: isso, acredita, é a garantia para que não se transforme "de artista em decorador". Mas há constantes: tons predominantes de azul e terra ("sou eu"); peixes (coisa de quem ama o mar); sombras (dando profundidade).
Na fase atual, pinta grandes lonas. A mudança da tela com base de madeira para os panos tem razão logística: "Não tem madeira boa, seca, no Brasil, e aí o trabalho com água cria problemas sérios".
As lonas despediram moldureiros -vontade já presente em fases anteriores, quando a pintura extravasava os limites do quadro.
Madeira, agora, só no trabalho com móveis, que é um pouco brincadeira, um pouco resquício dos tempos de desenho industrial -ou simplesmente o passatempo "quando falta inspiração para pintar".
Nos planos, a vontade de mudar-se para sua casa em Trancoso, em prazo estipulado: antes do ano 2000.
Encerrada agora sua sétima exposição, só Deus sabe o que vai pintar. Deus, em quem acredita "cegamente" e de quem sabe a cor: "Branca, não como raça, mas porque é a mistura de todas as cores".
L.C.B.

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