São Paulo, domingo, 1 de outubro de 1995
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panacéia da pesada

LÚCIA CRISTINA DE BARROS

Nas academias de ginástica, a fome de silhueta perfeita passa por alternativas menos prosaicas e mais caras do que a mistura de plantas.
Os últimos hits são os complementos alimentares conhecidos como "fat burners", embora o nome seja o de uma marca específica de "queimador de gordura".

Churrasco de gordura
Esses líquidos ou pílulas batizados de Ripped Fuel, L-Carnitin ou Super Cuts prometem acelerar o metabolismo -sempre conjugados a exercício físico. O preço é salgado: 355 ml de L-Carnitin 1000, que dura dez dias, custa R$ 38 na lojinha da academia paulista Fórmula.
Alexandra Mendes Brega, 24 anos, tem 1,67 m e 53 quilos. Há cinco meses ela alterna o Super Fat Burner e o L-Carnitin. "Tomo os comprimidos antes de fazer exercício", conta ela, que sua, em média, cinco horas por dia na Fórmula. "Sinto diferença. Dá energia, você aguenta fazer mais ginástica sem cansar".
Campeã brasileira de aeróbica em 1988 e coordenadora de ginástica da Fórmula, Patrícia Lobato confirma: a maioria dos alunos aderiu aos fat burners. Mas ela adverte que não é da competência dos professores recomendar o produto.
Em outra academia a história de repete. Eduardo Falconi, 40, dono da Vita Verde, loja que há dois anos vende os queimadores de gordura na Runner, aderiu pessoalmente à moda: "Tomo o Super Cuts há um mês e já perdi sete quilos", comemora ele, que pratica aeróbica todos os dias. Em sua loja, o campeão é o Super Cuts, cuja fórmula contém os estimulantes efedrina e cafeína.
Mas os fat burners funcionam? "Dizer que um produto queima gordura é, na melhor das hipóteses, uma afirmativa prematura", alerta o secretário Carlini, porque "não existem substâncias que tenham comprovadamente tal efeito".
O que tem efeito comprovado são as anfetaminas, presentes em algumas marcas.

Energia química
Essas substâncias "aumentam a excitabilidade do sistema nervoso e diminuem o limiar de dor do indivíduo", explica Turibio Leite de Barros Neto, coordenador do Centro de Medicina Esportiva da Escola Paulista de Medicina.
"Em termos, pode-se dizer que a pessoa está sendo dopada para fazer exercícios." Segundo o especialista, "na maioria das vezes não há necessidade de suplemento nutricional para quem faz atividade física".
Ou seja, os fat burners engrossam a lista de drogas que os médicos classificam de inócuas: não fazem mal, mas também não têm indicação.
Outra mania a inchar essa lista chama-se Herbalife. Está plantada oficialmente no Brasil desde ontem.

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