São Paulo, quinta-feira, 5 de outubro de 1995
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REPERCUSSÃO

Fernando Conceição, coordenador do Núcleo de Consciência Negra da USP:
"Não se pode ir contra o que a Justiça decide. A questão racial influiu, sim, e a promotoria não conseguiu fornecer provas concretas. A decisão do júri foi acertada. Caso ele fosse condenado, poderia haver tumultos. É incrível a reação daqueles que já haviam feito um prejulgamento de Simpson e receberam a notícia da absolvição. Mas, infelizmente, a propensão de o negro ser condenado ainda é maior, tanto nos EUA como no Brasil, como mostra estudo de Sérgio Adorno."

Milton Santos Oliveira, juiz de direito, negro:
"A questão virou mais racial do que jurídica. Embora o júri reflita o sentimento da sociedade, ele não deveria se submeter a pressões. E eu acho que houve pressão neste caso. Encaro essas pressões até como reflexo das condenações de Mike Tyson e do caso Rodney King (os distúrbios decorrentes da absolvição dos policiais que agrediram King, um motorista negro)."

Luiz Flávio Gomes, juiz de direito:
"Até onde eu pude acompanhar, não havia provas. E `in dubio pro reu' -em dúvida, a favor do réu. O julgamento retratou bem o que havia em termos de provas. Saber se houve justiça neste caso é complicado, mas sempre costumamos dizer que é preferível que mil culpados sejam absolvidos do que que um inocente seja condenado. A questão racial, sem dúvida, influiu. Ela tem um peso diferente nos EUA pelas condições históricas do país.

Alberto Zacharias Toron, advogado criminalista:
"Foi um veredicto justo, mas não conheço as provas. Após avaliarem-nas por nove meses e ouvir as alegações dos melhores profissionais dos EUA -tanto na acusação quanto na defesa- os jurados devem ter tomado a decisão correta. Não havia provas diretas, e, portanto, `in dubio pro reu'. Como disse o presidente Clinton, o veredicto deve ser aceito. Não há dúvida de que a questão racial teve influência, tanto que o discurso da defesa foi centrado neste tema. Mesmo assim, não devemos desconsiderar a falta de provas cabais.

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