São Paulo, quinta-feira, 5 de outubro de 1995
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França invade Comores e acaba com golpe

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

Soldados franceses invadiram na madrugada de ontem a República Federal Islâmica de Comores para dar fim ao golpe de Estado conduzido pelo mercenário francês Robert (Bob) Denard.
No dia 28 de outubro, Denard e cerca de 40 de seus mercenários, apoiados por 500 militares comorenses, derrubaram o governo do presidente Said Mohamed Djohar.
Comores é um arquipélago no oceano Índico, junto à costa de Moçambique, sudeste da África.
O país foi colônia francesa até 1975. O taxa de analfabetismo atinge 40%, a renda per capita é de US$ 500 e o principal produto de exportação é a baunilha.
Na tarde de ontem, Denard libertou o presidente Djohar. O premiê Mohamed El Yachrutu, refugiado na embaixada francesa, anunciou então ``anistia geral e um governo de união nacional".
Denard continuava entrincheirado na base de Kandani, na ilha Grande Comor, onde fica Moroni (capital). Continuava a dar entrevistas para os telejornais franceses.
Às 20h, disse que estava negociando sua rendição: ``Não posso enfrentar esse monte de soldados que mandaram para cá".
A invasão começou por volta das 2h (20h de anteontem em Brasília). Cerca de 600 legionários e policiais militares franceses ocuparam os dois aeroportos da Grande Comor e a embaixada francesa.
O Ministério da Defesa francês afirmou que a invasão ``cumpre um acordo de 1978, que prevê mútua assistência militar em caso de invasão estrangeira".
Ainda segundo o ministério, ``entre quatro e oito pessoas morreram, incluindo civis". Não teria havido baixas entre os franceses.
Denard viveu e atuou nas Comores de 1978 a 1989. Aparentemente foi para Comores auxiliar um grupo familiar comorense que tentou um golpe em 1992 e também para tirar da prisão alguns de seus ex-comandados.
``A intervenção mostra que nossos aliados podem confiar nos acordos que firmam com a França", disse Charles Millon, ministro da Defesa francês. Ele afirmou ainda que a ocupação deve durar de ``alguns dias a algumas semanas, não mais".

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