São Paulo, sábado, 7 de outubro de 1995
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Mostra traz novo papel artesanal japonês

MARA GAMA
EDITORA-ADJUNTA DA ILUSTRADA

Carpetes, lanternas e cortinas. Tudo de papel. Os objetos são alguns dos destaques da exposição que inaugura hoje uma nova galeria em São Paulo.
Criados pelo artista japonês Naoaki Sakamoto, conhecido como Nao, as cerca de 300 peças são feitas em papel artesanal, o ``washi". A exposição abre hoje a Galeria do Papel (leia texto ao lado), no Pacaembu.
Naoaki Sakamoto, 47, é um ex-designer gráfico que hoje prefere ser chamado de artesão.
A ``transformação" ocorreu quando ele aprendeu a milenar técnica do papel artesanal, em 1983, no Japão.
Desde então, Nao é papeleiro. Usa criativamente a técnica dominada pelos japoneses. Descarta qualquer ingrediente artificial na confecção do papel.
Nao mora no Japão, é proprietário da loja Paper Nao e tem um ateliê em uma fazenda, em Igata.
Na fazenda, ele pesquisa diversos materiais para elaborar o papéis com diferentes texturas, cores, espessuras e até aromas.
Sementes de aveia, folhas, seiva de nogueira, terra, grãos, fuligem, tinturas de frutas e parafina são alguns dos ingredientes utilizados pelo artista na polpa do papel.
Macerados, esses elementos ficam aparentes no produto final, conferindo a cada chapa um aspecto único.
O resultado é surpreendente. Desde as transparências mais delicadas, em painéis para paredes e janelas, até placas de massa espessa tramada com pedaços de cascas de árvore.
Durante a exposição, será exibido um vídeo que mostra o artista trabalhando nas várias etapas de produção do washi, em seu ateliê.
``Nao é um artista que une a tradição antiga do papel artesanal com uma linguagem própria e uma pesquisa criativa", diz Mayumi Ito, responsável pela mostra Paper Nao no Brasil.
Nao transita entre a arte e o artesanato. Produz de 10 a 20 mil folhas de papel por ano.
Com algumas confecciona objetos utilitários e de outras resultam peças exclusivas, com pinturas, dobraduras, caligrafia e desenhos. O artista faz também papéis para conservação e restauração de livros.
Já fez exposições no Japão, na Austrália e na Dinamarca e comercializa seus papéis na Europa.
A exposição é a quarta etapa do projeto 1 + 1, de intercâmbio cultural entre Brasil e Japão, idealizado e realizado por Mayumi, brasileira que mora há 10 anos no Japão, e pelo artesão de tecidos Renato Imbroisi.
Mayumi, 34, já trouxe ao Brasil, em maio deste ano, a mostra de tecidos do ateliê Nuno, com 150 peças. Já levou ao Japão, para uma exposição em Tóquio, os tecidos de Imbroisi.
O projeto 1 + 1 pretende levar ao Japão, no próximo ano, bolsas artesanais brasileiras, rendas usadas em vestuário e as obras em papel de Nido Campolongo.
Mayumi espera trazer o artista Nao para uma mostra maior, ainda sem data marcada. ``Ele gostaria de conhecer o artesanato indígena brasileiro e mostrar seu processo de produção para os índios", diz.

Exposição: Paper Nao
Artista: Naoaki Sakamoto
Quando: abertura hoje; a exposição fica até 21 de outubro, de segunda a sábado, das 10h às 19h
Onde: Galeria do Papel (r. Tupi, 843, Pacaembu, tel. 011/67-0101)

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