São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995 |
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Hélio Luz o tira-cabeça
LUIZ CAVERSAN
A coisa não pára por aí. Pari passu à responsabilização dos maus policiais pela deterioração da polícia do Rio, Luz também destina uma boa dose de culpa à população. Conivência Num encontro com a chamada "sociedade civil" promovido pelo Movimento Viva Rio, ele foi bastante explícito: "A corrupção existe porque é tolerada, interessa e sempre interessou à sociedade que fosse assim. A polícia foi criada como aparelho de repressão do Estado, mas as investigações só ocorrem em crimes até R$ 1.000. Acima disso, só com quebra de sigilo bancário, o que nunca se consegue". Como exemplos de conivência da sociedade, Hélio Luz cita o cidadão que dá R$ 5 ao guarda de trânsito para não ser multado e os empresários que, segundo ele, oneram o poder público. Nova polícia "A polícia paga R$ 1.200 para cada faxineiro que trabalha lá, contratado por uma firma particular. Sabe quanto o faxineiro recebe de fato? Só R$ 100. Para onde vai o resto do dinheiro? Assim fica difícil convencer o policial de que ele não deve ser corrupto." Atirando para todo lado, poupando o governo para o qual trabalha ("é preciso vontade política para mudar e isso está acontecendo"), apostando em sua tropa de elite, Luz acredita que de sua ação surgirá o embrião de uma "nova polícia". Não sabe exatamente qual, para citar como exemplo. Estranhamente, ele não atribui importância alguma a soluções bem-sucedidas encontradas por outros países. Confrontado com as mudanças positivas da polícia de Los Angeles, diz apenas que "as realidades são diferentes". Sem ostentação (usa a arma, um 38 cano curto, num coldre preso à canela) e sem truculência, com seu ar de professor universitário ex-hippie, Hélio Luz diz não ter ambições. Quer ver o Rio como uma cidade habitável e, se der, fazer pós-graduação em alguma universidade do exterior. Em Ciências Políticas. Texto Anterior: Hélio Luz o tira-cabeça Próximo Texto: eleitos do chefe são yuppies Índice |
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