São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 1995
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PF apura fraude na Previdência

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Federal e a Procuradoria da República vasculharam ontem 26 imóveis e dois hotéis cinco estrelas do Rio à cata de provas contra o argentino Cesar Arrieta, acusado pelo procurador Arthur Gueiros de chefiar a maior quadrilha de fraudadores da Previdência que já atuou no Brasil.
Gueiros, 28, disse ontem que o ``esquema Arrieta" é responsável por fraudes estimadas em R$ 3 bilhões. O suposto grupo de fraudadores comandado por Arrieta estaria agindo há pelo menos 12 anos.
Arrieta, 44, está preso desde sexta-feira na sede carioca da PF. Acusado de fraudar a Previdência, ele é réu em ação penal que tramita na 13ª Vara Federal do Rio.
A PF indiciou Arrieta em um segundo inquérito, por corrupção ativa de funcionários públicos federais.
Representante do Ministério Público neste inquérito, Gueiros disse que hoje vai denunciar Arrieta à Justiça Federal por corrupção ativa. Afirmou que também denunciará por corrupção passiva ``vários" funcionários e ex-funcionários federais.
Segundo Gueiros, entre os denunciados por corrupção passiva estarão o presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) no governo do ex-presidente Fernando Collor, José Arnaldo Rossi, e o ex-procurador do Iapas (Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social) Altamiro Fiel D'Oliveira.
D'Oliveira foi detido ontem à tarde em um dos escritórios ``estourados" pela PF e o MP. Ele negou ser ligado a Arrieta.
``Só porque aluguei uma sala a ele estão me envolvendo nisso", disse D'Oliveira, que ocupou, de 86 a 90, o cargo de secretário de Patrimônio e Engenharia do INSS.
As revistas de ontem foram ordenadas pela juíza Marilena Reis, da 13ª Vara Federal. Ela decretou a prisão preventiva de Marco Antônio Gervazoni e Regina Maria Soares Lopes. Gervazoni seria sócio de Arrieta. Regina, secretária do argentino.
Gervazoni e Regina estão foragidos, disse Gueiros. As casas onde moram foram revistadas. O apartamento de Arrieta na avenida Vieira Souto (Ipanema, zona sul do Rio) também foi vistoriado por agentes federais e procuradores.
Grande quantidade de documentos, extratos bancários, fitas de vídeo, disquetes, cassetes e fichas foram recolhidos nos imóveis.
Gueiros disse que espera achar provas da ligação de Arrieta com ``funcionários do primeiro escalão do governo". Segundo ele, ``o esquema se caracteriza por corromper gente do primeiro escalão".
Em busca dessas provas, os agentes federais e procuradores da República recolheram nas administrações dos hotéis Caesar Park e Meridien notas fiscais dos últimos três anos.
O procurador disse que o ``esquema Arrieta" costumava pagar a hospedagem de funcionários do governo em hotéis de luxo da zona sul carioca.
A descoberta da vasta rede de influência que teria sido montada pelo argentino Cesar de La Cruz Mendoza Arrieta para fraudar a Previdência Social foi possível graças a uma carta anônima enviada à deputada Cidinha Campos (PDT-RJ) em dezembro de 1993.
Cidinha era a relatora da CPI que apurou fraudes contra o INSS.

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